Separado Para Deus

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Jesus Cristo, Rei dos Reis


Jesus Cristo é o Unigênito Filho de Deus. Ele entregou sua própria vida em sacrifício para redimir todo aquele que nele crer. Sendo a Segunda Pessoa da Trindade, Jesus é igualmente Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo.
Do Antigo ao Novo Testamento, do primeiro ao último livro, do começo ao fim, a Bíblia mostra claramente quem é Jesus Cristo. As informações sobre a pessoa de Jesus são tão vastas que é impossível sintetizar tudo em um único texto.

As Profecias Acerca de Jesus
Por todo o Antigo Testamento encontramos inúmeras profecias acerca de Jesus, o Messias que haveria de vir. Na verdade não apenas as profecias diretamente, mas os salmos, os símbolos, os pactos e mesmo as palavras de repreensão e castigo apontavam, de alguma forma, para a pessoa e a obra de Cristo.
As profecias messiânicas mais conhecidas sobre quem é Jesus estão registradas no livro do profeta Isaías. O profeta profetizou sobre seu nascimento de uma virgem, e sobre sua obra redentora (Isaías 7:14; 53).

O Nascimento de Jesus
Jesus nasceu em Belém, na cidade do rei Davi, conforme foi profetizado pelo profeta Miqueias (Miqueias 5:2; Mateus 2:1-12). Maria, uma jovem virgem de Nazaré, concebeu o Salvador do mundo por obra do Espírito Santo (Lucas 1:35).
Como não foi encontrada nenhuma vaga na estalagem, Maria deu à luz a Jesus Cristo num estábulo (Lucas 2:1-5). Os relatos bíblicos fornecem pouquíssima informação sobre sua infância e juventude. A Bíblia apenas destaca o episódio em que Jesus tinha doze anos e foi encontrado por José e Maria entre os doutores no Templo. Sobre sua infância, o texto bíblico informa que nessa época Ele crescia “em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lucas 2:49-52).

O Ministério Terreno de Jesus
Quando tinha cerca de 30 anos, Jesus partiu de Nazaré e foi batizado por João Batista (Mateus 3:13-17). Logo depois, Ele foi conduzido pelo Espírito ao deserto da Judéia para ser tentado (Mateus 4:1,2).
O relato da tentação de Jesus contrasta com a tentação de Adão e Eva na Queda da raça humana (Gênesis 3). Jesus foi tentado, mas venceu todas as tentações e nunca pecou (Hebreus 4:15).
Após quarenta dias e quarenta noites no deserto, Jesus, pela virtude do Espírito Santo, voltou para a Galiléia e deu início ao seu ministério público. Foi então que Ele escolheu seus discípulos e começou a pregar por toda parte as boas-novas da chegada do reino dos céus (Mateus 4:17-25).
Jesus realizou grandes milagres, curando doentes, expulsando demônios, ressuscitando mortos, acalmando a tempestade, multiplicando o alimento e muitos outros. Foram tantas obras maravilhosas que o Evangelho de João afirma que seria impossível registrar todas elas (João 21:25). Todos esses milagres demonstravam o poder pleno de Jesus sobre todas as coisas.

A Morte, Ressurreição e Ascensão de Jesus aos Céus
A última semana de Jesus antes de ser preso e morto, foi marcada por acontecimentos significativos, como a entrada triunfal em Jerusalém (Mateus 21:1-11), a purificação do Templo (Mateus 21:12-16), o pronunciamento de seu sermão escatológico (Mateus 24-25) e a instituição da Ceia (Mateus 26:26-30). Saiba mais sobre a última semana de Jesus.
Na mesma noite em que celebrou a Páscoa com seus discípulos e instituiu a Ceia do Senhor, Jesus foi traído e preso. O traidor foi um de seus discípulos, Judas Iscariotes (Mateus 26:47-56; Marcos 14:43-52; Lucas 22:47-53; João 18:1-12).
Após ser preso, Jesus foi julgado, torturado e condenado à morte, sendo crucificado num lugar chamado Calvário (Mateus 27:32-44). A crucificação era a pior e mais humilhante pena de morte da época. Ele ainda foi crucificado com uma coroa de espinhos, e em sua cruz foi colocada uma identificação que dizia: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus” (João 19:19).
Para cumprir as Escrituras, um soldado ainda o transpassou com uma lança, furando o lado de seu corpo (João 19:31-37). Depois, Jesus foi sepultado num tumulo preparado por José de Arimatéia (Mateus 27:57-61). Jesus foi crucificado e sepultado na sexta-feira, mas no domingo Ele ressuscitou dos mortos. Após ressuscitar, Jesus subiu ao Céu, onde está exaltado a direita do Pai, deixando-nos a promessa de que um dia voltará (Atos 1:9-11).


Realmente Quem é Jesus Cristo?
A pergunta sobre quem é Jesus não é uma pergunta de hoje. Já em sua época essa mesma pergunta era feita. Certa vez Ele próprio perguntou a seus discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” (Mateus 16:13).
A resposta dos discípulos foi interessante, e na verdade é ainda a mesma resposta dada por muitas pessoas na atualidade. Eles disseram que as pessoas diziam que Jesus era João Batista, o profeta Elias, o profeta Jeremias ou outros profetas (Mateus 16:14).
Isso significa que as pessoas simplesmente afirmavam que Ele era um homem como qualquer outro, sim, um homem notável como João, Elias ou Jeremias, mas ainda assim simplesmente um homem. No entanto, logo em seguida, o apóstolo Pedro, revelado por Deus, respondeu essa pergunta de forma correta. Ele disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16).

Jesus Cristo é Deus
O Evangelho de João nos revela essa verdade logo em suas primeiras palavras: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). A divindade de Jesus é afirmada de forma clara durante todo o Novo Testamento, onde lemos que a plenitude da divindade habita nele, pois Ele é a imagem do Deus invisível (2 Coríntios 4:4; Colossenses 1:15-19; 2:9).
Além disso, Jesus possui os atributos divinos (Mateus 28:18; Hebreus 1:3; Apocalipse 2:23). Ele também é designado com os mesmos nomes e títulos que Jeová recebe no Antigo Testamento (Isaías 44:6; Apocalipse 1:17).
Tudo o que existe foi criado por Ele e para Ele (Colossenses 1:16). Ele tem poder para perdoar pecados (Colossenses 3:13) e receber adoração (Hebreus 1:6). Ele próprio declarou: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Jesus Cristo é o Verbo Que Se Fez Carne
Se a Bíblia é clara ao afirmar que Jesus Cristo é Deus, da mesma forma ela é suficientemente clara ao afirmar a humanidade de Jesus. De fato, o mesmo texto que afirma sua divindade, também afirma sua humanidade, isto é, “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:14).
Dessa forma, entendemos que Jesus era plenamente homem e plenamente Deus. Qualquer ensino que negue essa verdade não é o verdadeiro Evangelho. O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, afirma: “Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2:5).
Portanto, Jesus experimentou as mesmas limitações que nós, como homens, experimentamos. Ele passou por sofrimentos, vontades, privações, dores, fome, cansaço, fraquezas etc. (Lucas 23:46; João 4:6-7; 6:38; 12:27). Porém, diferente de nós, Ele nunca pecou!

Jesus Cristo é o Salvador
A morte e ressurreição de Jesus foi o clímax do plano divino da redenção, um plano concebido por Deus ainda na eternidade, antes da fundação do mundo (1 Pedro 1:19,20). É justamente nesse ponto, quando olhamos para sua obra redentora, que podemos entender por que Jesus precisava ser plenamente Deus e plenamente homem.
Apenas sendo homem Ele poderia morrer pregado numa cruz, e apenas sendo Deus Ele poderia ser capaz de satisfazer a justiça divina e redimir o seu povo. Portanto, na cruz, Jesus Cristo, Deus e homem, fez o que ninguém mais seria capaz de fazer. Dessa forma, Jesus é muito mais do que apenas um bom exemplo a ser seguido, sua obra é muito maior do que qualquer ideia romântica de um martírio heroico.
Diante da pergunta sobre quem é Jesus Cristo, só nos resta responder que Ele é o Emanuel, o Deus conosco, e sua obra está além de qualquer possibilidade humana. Mesmo sendo Deus, Ele substituiu homens ao se fazer maldito por eles morrendo numa cruz. Sim, é impossível responder quem é Jesus sem se lembrar de que Ele ocupou o lugar de miseráveis pecadores, recebeu o castigo que lhes era merecido, e os reconciliou com Deus.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

Zípora, Esposa de Moisés


Ao ler as poucas passagens bíblicas que relatam quem era Zípora, me deparei como a mulher de um importante líder israelita. No entanto sua historia é muito fragmentada, assim, para conhecê-la é preciso costurar cada parte da leitura para encontrar detalhes de sua identidade. Conhecida como a esposa de Moisés, ela pode ser comparada a tantas mulheres que perdem seu nome e passam a ser conhecidas como filha, esposa ou mãe de alguém.
Zípora, natural da terra de Midiã, filha mais velha de Jetro.
Ao fugir do Egito, Moisés partiu para Midiã, e ali se estabeleceu. Ele estava assentado junto a um poço quando as filhas de Jetro foram ali tirar água para dar ao rebanho de seu pai. Naquela ocasião alguns pastores expulsaram aquelas mulheres, dentre as quais estava Zípora. Então Moisés se levantou, e as defendeu, e deu água ao rebanho de Jetro.
Quando Zípora e suas irmãs chegaram em casa, elas contaram ao seu pai sobre o que Moisés havia feito em favor delas. Então aquele homem mandou que trouxessem Moisés, e este consentiu em morar em sua casa. Foi assim que Jetro lhe deu Zípora como esposa.
Demonstrando sua confiança em Moisés, Jetro lhe oferece hospedagem e sua filha, provavelmente a mais velha devido às tradições da época. Com o casamento e a concepção de dois filhos Gerson e Eliezer, Zípora se entranha ainda mais na história desse homem. Ela acompanha seu marido na volta ao Egito, junto com os propósitos de Deus para com ele.
Êxodo 4. 24 – 26, descreve o Senhor indo ao encontro de Moisés para mata-lo. Zípora de alguma forma sentiu a aflição de seu marido e agindo com ousadia e segurança o livrou da morte, ela age imediatamente, acreditando que a solução seria circuncidar seu filho, pois o mesmo ainda não o era, isso consistia a quebra do pacto abraâmico, uma pratica de obediência a Deus. O texto bíblico não descreve qual era a posição de Zípora no contexto ministerial de Moisés, no entanto em Ex. 4.25 ela age com muita firmeza. Assim posso vê-la, demonstrando seu senso critico e sua sensibilidade de mãe, mostrando mais uma vez ser uma mulher forte e marcante.
Zípora foi obediente ao seu pai, e provavelmente foi uma mulher agradável aos olhos de seu esposo. Durante o período de libertação do povo, ela já não se encontra mais na historia de seu marido, estava junto com seu pai como fala o texto de Ex. 18. Por ser a irmã mais velha, possivelmente ajudou na sustentação de sua família e parentela, ajudando seu pai em sua velhice e demonstrando seu compromisso com suas raízes.

A Intriga Envolvendo a Esposa de Moisés
A Bíblia também fala de um episódio em que Miriã e Arão se levantaram contra Moisés, e o acusaram de ter se casado com uma mulher cuxita (ou etíope). Existe divergência entre os estudiosos acerca da identidade da mulher referida nesse texto (Números 12:1).
Alguns acreditam que essa mulher etíope poderia ser a própria Zípora. Ela era uma midianita, mas que foi designada por Miriã e Arão como cuxita. Cuxe ficasse na região sul do Egito, mas Midiã também incluía a parte noroeste da Arábia, onde habitavam tribos cuxitas. Outros defendem que o texto parece indicar que talvez Zípora já tivesse morrido naquele tempo. Então Moisés supostamente teria se casado novamente, dessa vez com uma mulher etíope. 

Discretamente Zípora se mostra como uma mulher que mesmo sendo conhecida apenas como a esposa de alguém oferece a quem ler, uma história intrigante, de uma mulher de personalidade marcante e viva. Assim como ela, muitas outras mulheres ainda são conhecidas dessa forma quando merecem ser reconhecidas por sua própria história, por seu próprio nome.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

Zacarias, O Profeta


O Profeta Zacarias foi um homem levantado por Deus para profetizar no tempo da restauração do povo de Israel do exílio na Babilônia. O nome Zacarias significa “Yahweh lambra-se”, ou seja, “aquele de quem Deus se lembra”. 
Zacarias era um nome muito comum entre o povo hebreu, de forma que muitos personagens bíblicos aparecem com este nome, principalmente no Antigo Testamento. No final deste texto pontuaremos alguns destes personagens. 

A História Do Profeta Zacarias 
O profeta Zacarias nasceu em uma família de sacerdotes ainda na Babilônia. Sua família estava entre os quase cinquenta mil exilados que retornaram do exílio babilônico após a permissão do rei Ciro. 
Zacarias era filho de Baraquias, porém em algumas passagens bíblicas ele aparece como sendo filho de Ido, que na verdade era seu avô (Zacarias 1:11; Esdras 5:1; 6:14; Neemias 12:4,16). Para explicar isto, acreditasse que seja possível que seu pai, Baraquias, tenha morrido quando Zacarias ainda era muito jovem, ou seu avô, Ido, talvez tenha sido uma figura mais proeminente que seu pai. 
Além de profeta, Zacarias também era sacerdote, assim como os profetas Jeremias e Ezequiel também foram antes dele. Zacarias foi contemporâneo do profeta Ageu, de Zorobabel, o líder político dos judeus que retornaram do exílio e de Josué, filho de Jozadaque e sumo sacerdote da nação (Zacarias 3:1; 4:6; 6:11; Esdras 5:1,2). 

O Ministério do Profeta Zacarias 
O ministério profético de Zacarias está registrado, principalmente, no livro do Antigo Testamento que traz seu nome, e no livro de Esdras. No entanto, Zacarias também é mencionado no livro de Neemias. 
O profeta Zacarias começou a profetizar cerca de dois meses depois de Ageu também ter começado a profetizar (Ageu 1:1; Zacarias 1:1), isto é, no oitavo mês do segundo ano de reinado do rei Dario, em 520 a.C. 
A mensagem profética, tanto do profeta Zacarias quanto o profeta Ageu, era de encorajamento acerca da obra de restauração do Templo, além de revelações sobre as bênçãos futuras da nação. 
O contexto histórico do ministério do profeta Zacarias nos mostra que aquele era um período muito significativo da história judaica. Os exilados haviam conseguido a permissão para retornarem a sua terra, e entusiasmado, se propuseram a reconstruir o Templo em Jerusalém que tinha sido destruído. 
Em 535 a.C., eles conseguiram lançar os alicerces do Templo (Esdras 3:8-13), porém devido à oposição dos samaritanos, o trabalho de restauração ficou paralisado até o reinado de Ciro, ou seja, durante pelo menos 14 anos nada foi feito nesse sentido. 
Algumas pessoas questionam sobre o porquê de Zacarias e Ageu terem ficado em silêncio durante esse período. Uma explicação bem provável é que ambos ainda eram crianças quando retornaram com suas famílias do exílio em 537 a.C., ou então eles não retornaram nesse grupo de exilados, mas em outro grupo posteriormente. De qualquer forma, provavelmente os dois profetas não eram adultos nessa época. 
Com base na explicação acima, então podemos supor que o profeta Zacarias era ainda muito jovem quando começou a profetizar. Com as exortações de Zacarias e Ageu, o trabalho foi reiniciado, porém num determinado momento mais uma vez houve oposição externa, com o questionamento de Tatenai, governador Persa; e também oposição interna, com os judeus desaminados e pessimistas com relação à construção do Templo, achando eles que, a escassez de recursos, os obstáculos, e a inferioridade da construção atual em comparação com o primeiro Templo de Salomão, significavam um tipo de reprovação do próprio Deus. 
É neste cenário que os profetas Zacarias e Ageu profetizaram, convocando o povo ao arrependimento da negligência que estavam demonstrando, e encorajando-os a confiarem nas promessas do Senhor. O povo respondeu as mensagens do Senhor proclamadas através dos dois profetas, e em 515 a.C. o trabalho foi concluído. 

As Profecias de Zacarias 
As profecias do profeta Zacarias, além de tratar das questões relacionadas à reconstrução do Templo, também apontavam para a realidade do reino de Deus no futuro. Assim, algumas profecias do profeta Zacarias possuem uma aplicação imediata, num futuro próximo a restauração da comunidade após o exílio
Todavia, outras profecias de Zacarias apontam para um futuro mais distante de sua época, onde Deus traria bênçãos para Jerusalém por meio da linhagem de Davi, de modo que Zorobabel era apenas a continuidade da linhagem, e não o seu fim. 
Logo, o profeta Zacarias profetizou claramente sobre a vinda do Messias, o último filho de Davi. Zacarias profetizou sobre a entrada triunfal de Jesus (Zacarias 9:9-10; Mateus 21:1-11), sobre a traição e morte de Cristo (Zacarias 13:7) e sobre a promessa da habitação de Deus no meio de Seu povo, realizada finalmente em Cristo (Zacarias 2:5,10; João 1:14). 

A própria celebração registrada em Zacarias 14:16-20, encontrará seu cumprimento pleno no reinado do Cordeiro no novo céu e nova terra (Apocalipse 21:1-3). 

Zacarias, Pai de João Batista 
Certamente esse Zacarias é o mais conhecido depois do profeta Zacarias. Zacarias foi um sacerdote, e pai de João Batista (Lucas 1:5-25; 3:2). Certa vez ele recebeu a visita do anjo Gabriel enquanto estava executando suas funções sacerdotais no Templo. 
O anjo lhe trouxe a notícia de que seria pai, porém sua primeira reação foi a incredulidade. Como consequência, Zacarias ficou temporariamente mudo, e provavelmente surdo, até que Izabel deu à luz ao filho do casal. 
A forma com que Zacarias voltou a falar impressionou toda a região da Judeia, e as pessoas começaram a especular quem era aquele menino que havia nascido (Lucas 1:64-66). Tomado pelo Espírito Santo, Zacarias também profetizou sobre o ministério do Messias (Lucas 1:68-79). 

Outros Zacarias na Bíblia 
Como dissemos, há pelo menos 30 personagens bíblicos designados como Zacarias na Bíblia. A maioria deles aparece apenas uma ou duas vezes na narrativa bíblica. Além dos dois Zacarias já apresentados, citaremos alguns destes homens que tiveram esse nome. 

* Um chefe da tribo de Rúbem que viveu em aproximadamente em 740 a.C. (1 Crônicas 5:6,7). 
* Filho de Meselemias, guarda da porta ao norte do Tabernáculo (1 Crônicas 9:21; 26:2,14). 
* O primeiro colonizador israelita de Gibeão (1 Crônicas 9:35,37), também citado como “Zequer” em 1 Crônicas 8:31. 
* Um levita que tocou quando a Arca da Aliança foi trazida a Jerusalém (1 Crônicas 15:14.18,20; 16:5). 
* Um príncipe de Judá enviado pelo rei Josafá para ensinar a Lei ao povo judeu (2 Crônicas 17:7). 
* Um levita da família de Asafe que foi atuante, juntamente com o rei Ezequias, na purificação do Templo (2 Crônicas 29:13). Também houve outro Zacarias da casa de Asafe que viveu na época do reinado de Josafá (2 Crônicas 20:14)
* Um dos últimos reis do reino do norte, Israel, filho de Jeroboão II, que reinou em 753 a.C. (2 Reis 14:29). Ele reinou apenas seis meses e foi assassinado por Salum, terminando assim a dinastia de Jeú (2 Reis 15:8-12). 
* Provavelmente um sacerdote no reino do rei Josias (2 Crônicas 35:8). 
* Um dos homens de destaque que foram enviados por Esdras para buscarem levitas e pessoas que desempenhavam serviços no Templo para retornarem a Jerusalém (Esdras 8:16). 
* Um profeta que viveu durante o reinado do rei Uzias. Enquanto o rei seguiu os seus conselhos, houve prosperidade (2 Crônicas 26:5). 

Existem ainda outros Zacarias na narrativa bíblica do Antigo Testamento, de maneira que é até difícil conseguir distinguir quando algumas citações se referem a um certo Zacarias ou a outra pessoa com o mesmo nome. Um exemplo disto são as referências sobre Zacarias que aparecem nos livros de Esdras e Neemias. 
Para finalizar, um personagem com este nome que certamente merece destaque é o Zacarias mencionado em 2 Crônicas 24:20-22. Esse Zacarias foi filho do sumo sacerdote Joiada durante o reinado do rei Joás, em Judá. 
Naqueles tempos, Judá retornou à idolatria, e Zacarias, movido pelo Espírito de Deus, repreendeu severamente a nação por conta daquela conduta pecaminosa. A denúncia de Zacarias incomodou os nobres de Judá que, juntamente com o rei, planejaram apedrejá-lo até a morte no átrio do Templo. 
Muito provavelmente esse é o Zacarias citado por Jesus em Mateus 23:35 e Lucas 11:51. Na verdade, a identificação desse Zacarias oferece algumas dificuldades. O problema é que o Zacarias, filho de Baraquias, é o profeta Zacarias que estudamos no início deste texto, e se caso o profeta tivesse sofrido tal martírio, provavelmente haveria alguma referência sobre isto nos livros de Esdras, Neemias ou Malaquias. 
A tradição judaica afirma que o profeta Zacarias morreu de causas naturais na Judéia, com idade bastante avançada, e foi sepultado perto do tumulo de Ageu. 
Por outro lado, quando comparamos a expressão utilizada por Jesus com a expressão dita pelo Zacarias, filho de Joiada que aparece em Crônicas, na hora de sua morte, entendemos que possivelmente se trata da mesma pessoa. 
Em Lucas lemos o Senhor dizendo que “desde o sangue de Abel, até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta geração” (Lucas 11:51). Já em Crônicas lemos que, prestes a morrer, Zacarias disse: “O Senhor o verá, e o requererá” (2 Crônicas 24:22). 
Outra informação importante é que o livro de 2 Crônicas é o último livro da Bíblia hebraica. Assim, a expressão “de Abel a Zacarias” poderia ser uma expressão hebraica equivalente a nossa “de Gênesis ao Apocalipse”. 
Para resolver o problema das palavras “filho de Baraquias” que aparece em Mateus, os estudiosos sugerem três possibilidades. A primeira entende que o Zacarias mencionado pelo Senhor realmente tenha sido o profeta Zacarias, e que neste caso seu martírio não foi documentado e a tradição judaica está errada. 
A segunda possibilidade sugere que o Zacarias do livro de 2 Crônicas tenha sido neto de Joaiada, e não filho, e que seu pai então também se chamava Baraquias, mas por algum motivo não foi citado em 2 Crônicas. 
A terceira possibilidade sugere que as palavras “filho de Baraquias” que aparecem no Evangelho de Mateus trata-se de uma adição equivocada de um copista, visto que ela não aparece nos melhores manuscritos do Evangelho de Lucas.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Vasti


O Profeta Zacarias foi um homem levantado por Deus para profetizar no tempo da restauração do povo de Israel do exílio na Babilônia. O nome Zacarias significa “Yahweh lambra-se”, ou seja, “aquele de quem Deus se lembra”. 
Zacarias era um nome muito comum entre o povo hebreu, de forma que muitos personagens bíblicos aparecem com este nome, principalmente no Antigo Testamento. No final deste texto pontuaremos alguns destes personagens. 

A História Do Profeta Zacarias 
O profeta Zacarias nasceu em uma família de sacerdotes ainda na Babilônia. Sua família estava entre os quase cinquenta mil exilados que retornaram do exílio babilônico após a permissão do rei Ciro. 
Zacarias era filho de Baraquias, porém em algumas passagens bíblicas ele aparece como sendo filho de Ido, que na verdade era seu avô (Zacarias 1:11; Esdras 5:1; 6:14; Neemias 12:4,16). Para explicar isto, acreditasse que seja possível que seu pai, Baraquias, tenha morrido quando Zacarias ainda era muito jovem, ou seu avô, Ido, talvez tenha sido uma figura mais proeminente que seu pai. 
Além de profeta, Zacarias também era sacerdote, assim como os profetas Jeremias e Ezequiel também foram antes dele. Zacarias foi contemporâneo do profeta Ageu, de Zorobabel, o líder político dos judeus que retornaram do exílio e de Josué, filho de Jozadaque e sumo sacerdote da nação (Zacarias 3:1; 4:6; 6:11; Esdras 5:1,2). 

O Ministério do Profeta Zacarias 
O ministério profético de Zacarias está registrado, principalmente, no livro do Antigo Testamento que traz seu nome, e no livro de Esdras. No entanto, Zacarias também é mencionado no livro de Neemias. 
O profeta Zacarias começou a profetizar cerca de dois meses depois de Ageu também ter começado a profetizar (Ageu 1:1; Zacarias 1:1), isto é, no oitavo mês do segundo ano de reinado do rei Dario, em 520 a.C. 
A mensagem profética, tanto do profeta Zacarias quanto o profeta Ageu, era de encorajamento acerca da obra de restauração do Templo, além de revelações sobre as bênçãos futuras da nação. 
O contexto histórico do ministério do profeta Zacarias nos mostra que aquele era um período muito significativo da história judaica. Os exilados haviam conseguido a permissão para retornarem a sua terra, e entusiasmado, se propuseram a reconstruir o Templo em Jerusalém que tinha sido destruído. 
Em 535 a.C., eles conseguiram lançar os alicerces do Templo (Esdras 3:8-13), porém devido à oposição dos samaritanos, o trabalho de restauração ficou paralisado até o reinado de Ciro, ou seja, durante pelo menos 14 anos nada foi feito nesse sentido. 
Algumas pessoas questionam sobre o porquê de Zacarias e Ageu terem ficado em silêncio durante esse período. Uma explicação bem provável é que ambos ainda eram crianças quando retornaram com suas famílias do exílio em 537 a.C., ou então eles não retornaram nesse grupo de exilados, mas em outro grupo posteriormente. De qualquer forma, provavelmente os dois profetas não eram adultos nessa época. 
Com base na explicação acima, então podemos supor que o profeta Zacarias era ainda muito jovem quando começou a profetizar. Com as exortações de Zacarias e Ageu, o trabalho foi reiniciado, porém num determinado momento mais uma vez houve oposição externa, com o questionamento de Tatenai, governador Persa; e também oposição interna, com os judeus desaminados e pessimistas com relação à construção do Templo, achando eles que, a escassez de recursos, os obstáculos, e a inferioridade da construção atual em comparação com o primeiro Templo de Salomão, significavam um tipo de reprovação do próprio Deus. 
É neste cenário que os profetas Zacarias e Ageu profetizaram, convocando o povo ao arrependimento da negligência que estavam demonstrando, e encorajando-os a confiarem nas promessas do Senhor. O povo respondeu as mensagens do Senhor proclamadas através dos dois profetas, e em 515 a.C. o trabalho foi concluído. 

As Profecias de Zacarias 
As profecias do profeta Zacarias, além de tratar das questões relacionadas à reconstrução do Templo, também apontavam para a realidade do reino de Deus no futuro. Assim, algumas profecias do profeta Zacarias possuem uma aplicação imediata, num futuro próximo a restauração da comunidade após o exílio
Todavia, outras profecias de Zacarias apontam para um futuro mais distante de sua época, onde Deus traria bênçãos para Jerusalém por meio da linhagem de Davi, de modo que Zorobabel era apenas a continuidade da linhagem, e não o seu fim. 
Logo, o profeta Zacarias profetizou claramente sobre a vinda do Messias, o último filho de Davi. Zacarias profetizou sobre a entrada triunfal de Jesus (Zacarias 9:9-10; Mateus 21:1-11), sobre a traição e morte de Cristo (Zacarias 13:7) e sobre a promessa da habitação de Deus no meio de Seu povo, realizada finalmente em Cristo (Zacarias 2:5,10; João 1:14). 

A própria celebração registrada em Zacarias 14:16-20, encontrará seu cumprimento pleno no reinado do Cordeiro no novo céu e nova terra (Apocalipse 21:1-3). 

Zacarias, Pai de João Batista 
Certamente esse Zacarias é o mais conhecido depois do profeta Zacarias. Zacarias foi um sacerdote, e pai de João Batista (Lucas 1:5-25; 3:2). Certa vez ele recebeu a visita do anjo Gabriel enquanto estava executando suas funções sacerdotais no Templo. 
O anjo lhe trouxe a notícia de que seria pai, porém sua primeira reação foi a incredulidade. Como consequência, Zacarias ficou temporariamente mudo, e provavelmente surdo, até que Izabel deu à luz ao filho do casal. 
A forma com que Zacarias voltou a falar impressionou toda a região da Judeia, e as pessoas começaram a especular quem era aquele menino que havia nascido (Lucas 1:64-66). Tomado pelo Espírito Santo, Zacarias também profetizou sobre o ministério do Messias (Lucas 1:68-79). 

Outros Zacarias na Bíblia 
Como dissemos, há pelo menos 30 personagens bíblicos designados como Zacarias na Bíblia. A maioria deles aparece apenas uma ou duas vezes na narrativa bíblica. Além dos dois Zacarias já apresentados, citaremos alguns destes homens que tiveram esse nome. 

* Um chefe da tribo de Rúbem que viveu em aproximadamente em 740 a.C. (1 Crônicas 5:6,7). 
* Filho de Meselemias, guarda da porta ao norte do Tabernáculo (1 Crônicas 9:21; 26:2,14). 
* O primeiro colonizador israelita de Gibeão (1 Crônicas 9:35,37), também citado como “Zequer” em 1 Crônicas 8:31. 
* Um levita que tocou quando a Arca da Aliança foi trazida a Jerusalém (1 Crônicas 15:14.18,20; 16:5). 
* Um príncipe de Judá enviado pelo rei Josafá para ensinar a Lei ao povo judeu (2 Crônicas 17:7). 
* Um levita da família de Asafe que foi atuante, juntamente com o rei Ezequias, na purificação do Templo (2 Crônicas 29:13). Também houve outro Zacarias da casa de Asafe que viveu na época do reinado de Josafá (2 Crônicas 20:14)
* Um dos últimos reis do reino do norte, Israel, filho de Jeroboão II, que reinou em 753 a.C. (2 Reis 14:29). Ele reinou apenas seis meses e foi assassinado por Salum, terminando assim a dinastia de Jeú (2 Reis 15:8-12). 
* Provavelmente um sacerdote no reino do rei Josias (2 Crônicas 35:8). 
* Um dos homens de destaque que foram enviados por Esdras para buscarem levitas e pessoas que desempenhavam serviços no Templo para retornarem a Jerusalém (Esdras 8:16). 
* Um profeta que viveu durante o reinado do rei Uzias. Enquanto o rei seguiu os seus conselhos, houve prosperidade (2 Crônicas 26:5). 

Existem ainda outros Zacarias na narrativa bíblica do Antigo Testamento, de maneira que é até difícil conseguir distinguir quando algumas citações se referem a um certo Zacarias ou a outra pessoa com o mesmo nome. Um exemplo disto são as referências sobre Zacarias que aparecem nos livros de Esdras e Neemias. 
Para finalizar, um personagem com este nome que certamente merece destaque é o Zacarias mencionado em 2 Crônicas 24:20-22. Esse Zacarias foi filho do sumo sacerdote Joiada durante o reinado do rei Joás, em Judá. 
Naqueles tempos, Judá retornou à idolatria, e Zacarias, movido pelo Espírito de Deus, repreendeu severamente a nação por conta daquela conduta pecaminosa. A denúncia de Zacarias incomodou os nobres de Judá que, juntamente com o rei, planejaram apedrejá-lo até a morte no átrio do Templo. 
Muito provavelmente esse é o Zacarias citado por Jesus em Mateus 23:35 e Lucas 11:51. Na verdade, a identificação desse Zacarias oferece algumas dificuldades. O problema é que o Zacarias, filho de Baraquias, é o profeta Zacarias que estudamos no início deste texto, e se caso o profeta tivesse sofrido tal martírio, provavelmente haveria alguma referência sobre isto nos livros de Esdras, Neemias ou Malaquias. 
A tradição judaica afirma que o profeta Zacarias morreu de causas naturais na Judéia, com idade bastante avançada, e foi sepultado perto do tumulo de Ageu. 
Por outro lado, quando comparamos a expressão utilizada por Jesus com a expressão dita pelo Zacarias, filho de Joiada que aparece em Crônicas, na hora de sua morte, entendemos que possivelmente se trata da mesma pessoa. 
Em Lucas lemos o Senhor dizendo que “desde o sangue de Abel, até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta geração” (Lucas 11:51). Já em Crônicas lemos que, prestes a morrer, Zacarias disse: “O Senhor o verá, e o requererá” (2 Crônicas 24:22). 
Outra informação importante é que o livro de 2 Crônicas é o último livro da Bíblia hebraica. Assim, a expressão “de Abel a Zacarias” poderia ser uma expressão hebraica equivalente a nossa “de Gênesis ao Apocalipse”. 
Para resolver o problema das palavras “filho de Baraquias” que aparece em Mateus, os estudiosos sugerem três possibilidades. A primeira entende que o Zacarias mencionado pelo Senhor realmente tenha sido o profeta Zacarias, e que neste caso seu martírio não foi documentado e a tradição judaica está errada. 
A segunda possibilidade sugere que o Zacarias do livro de 2 Crônicas tenha sido neto de Joaiada, e não filho, e que seu pai então também se chamava Baraquias, mas por algum motivo não foi citado em 2 Crônicas. 
A terceira possibilidade sugere que as palavras “filho de Baraquias” que aparecem no Evangelho de Mateus trata-se de uma adição equivocada de um copista, visto que ela não aparece nos melhores manuscritos do Evangelho de Lucas.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

Trindade - Pai, Filho e Espírito


A Trindade é uma doutrina cristã que trata acerca da diversidade que há na unidade de Deus, nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A primeira coisa que deve ser considerada num estudo sobre o que é a Trindade, é saber que estamos diante de um grande mistério, ou seja, é impossível ao homem compreender e explicar a Trindade de forma plena.
Essa dificuldade se dá, sobretudo, pelo fato de que a doutrina da Santíssima Trindade se concentra no estudo do Ser de Deus e de sua atividade, e Deus é infinitamente maior do que nós, de modo que com todas as nossas limitações, apenas conhecemos sobre Ele o que Ele próprio decidiu nos revelar de forma plenamente suficiente, tanto através das Escrituras quanto através das obras da criação, onde podemos admirar seus atributos.
Todavia, por mais que seja complexa e misteriosa, a doutrina da Trindade é essencialmente acessível, no sentido de que seu conceito principal pode ser claramente percebido e assimilado, através do estudo da Palavra de Deus.

O Significado de Trindade
O significado do termo Trindade, que vem do latim trinitas, procura transmitir um sentido de “três que é um”.Esse termo foi aplicado pela primeira vez por Tertuliano, um dos pais da Igreja Antiga, para se referir à natureza triuna de Deus revelada nas Escrituras.

A Trindade na História da Igreja
Desde muito cedo a Igreja precisou formular uma doutrina a cerca desse assunto, especialmente para se proteger de falsos ensinos que já desde a época apostólica procuravam se introduzir na comunidade cristã, os quais eram influenciados pelo gnosticismo, pelo platonismo e pelo próprio judaísmo.
De forma bastante resumida, podemos dizer que o ponto principal dessas heresias atacava a divindade de Cristo e a pessoalidade do Espírito Santo.

As Heresias Sobre a Trindade
As principais teorias heréticas com relação à Trindade são:

Modalismo: também chamado de Sabelianismo ou mesmo Monarquismo Modalista, essa teoria defende que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são manifestações históricas de uma única pessoa divina, ou seja, quando a Bíblia fala sobre o Pai, o Filho e o Espírito, ela estaria então apenas apontando as diferentes manifestações de Deus aos homens, sendo o Pai na criação, o Filho na redenção e o Espírito na regeneração.
Adocianismo: defende que Jesus não era divino, mas apenas alguém que recebeu um poder especial de Deus no momento de seu batismo, o que fez com que Ele fosse elevado a uma posição superior aos homens. Essa teoria também é chamada de Monarquismo Dinâmico.
Arianismo: defende que o Filho não é eterno, mas simplesmente um ser criado por Deus que serviu propriamente como um instrumento para a criação do mundo. O Arianismo surgiu no início do século 4 d.C. sob liderança de Ário, um presbítero da igreja de Alexandria, e foi fortemente combatido pelo importante teólogo Atanásio.

A Igreja rapidamente procurou combater a tais heresias. Na época foram convocados Concílios, onde vários teólogos se reuniram e formularam documentos que expressavam a declaração de fé da Igreja.
Assim, após ter sido utilizada por Tertuliano no final do século 2 d.C., a palavra Trindade passou a ser considerada de maneira mais formal na teologia cristã a partir do quarto século. Dentre esses Concílios, a Trindade foi especialmente debatida e afirmada no Concílio de Niceia em 325 d.C., e reafirmada no Concílio de Constantinopla em 381 d.C.
Estudiosos notáveis como Basílio de Cesaréia, Gregório de Naziano, Gregório de Nissa e Agostinho, também refletiram e escreveram sobre a Trindade, e mais de mil anos depois, igualmente os reformadores deram especial importância a ela, com destaque para João Calvino, que concentrou grande parte de seus escritos falando sobre a Trindade, especialmente com relação a Pessoa e a obra do Espírito Santo.

A Trindade Na Bíblia
A palavra “Trindade” não pode ser encontrada originalmente na Bíblia, mas sua doutrina está presente nela de forma inegável, de ponta a ponta. Em harmonia com o caráter progressivo da revelação de Deus nas Escrituras, é no Novo Testamento onde encontramos de forma mais explicita as bases do dogma trinitariano, mas ainda no Antigo Testamento, especialmente sob a luz do Novo, é possível perceber a verdade acerca do Deus Triúno.
No primeiro capítulo de Gênesis, no relato da criação, já podemos encontrar os primeiros prenúncios acerca da Trindade. Nele, somos apresentados ao Deus que criou todas as coisas por meio da Palavra e do Espírito (Gênesis 1:3).
Aqui é interessante saber que a palavra hebraica Elohim que é um dos nomes de Deus no Antigo Testamento, está em sua forma plural, não no sentido de indicar três deuses, mas como sendo um plural de intensidade, algo característico do hebraico. Com isso, essa palavra, por si só, não pode ser utilizada como prova da Trindade, mas, de alguma forma, com base no contexto em que algumas vezes aparece, certamente ela aponta para a diversidade dentro da própria Divindade. Saiba mais sobre o significado de Elohim na Bíblia.
Isso é o que acontece em Gênesis, onde o texto bíblico explora ainda mais essa questão ao aplicar formais verbais no plural, como a conhecida expressão “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26), ou seja, no Antigo Testamento existe uma comunicação de Deus consigo mesmo (Gênesis 3:22; 11:7).
Se esse versículo expõe de forma bastante enfática a pluralidade na natureza Divina, o versículo seguinte cuida de garantir que nenhuma ideia equivocada de supostos três deuses seja concebida, ao afirmar categoricamente: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27).
Quando comparamos esse texto com os primeiros versículos do Evangelho de João, entendemos que ele expressa de forma maravilhosa a obra do Pai, do Filho e do Espírito na criação de todas as coisas (João 1:1-3; Colossenses 1:16,17).
Na época de Moisés, na conhecida Benção Sacerdotal registrada em Números 6:24-26, curiosamente encontramos a tríplice repetição do nome de Deus, traduzido como “Senhor”. Já no Novo Testamento, de forma similar, temos o também conhecido texto do apóstolo Paulo que ficou denominado como Benção Apostólica, onde claramente as três Pessoas da Trindade são distinguidas (2 Coríntios 13:13).
Outras importantes provas que apontam para a Trindade no Antigo Testamento são as aparições de Deus e as manifestações do Anjo do Senhor. No Antigo Testamento, lemos sobre várias aparições de Deus (Gênesis 18:1; Êxodo 33:18-23), mas ao mesmo tempo também encontramos na Bíblia a clara afirmação de que nunca ninguém viu a Deus (1 João 4:12). A explicação para essa aparente contradição encontra-se na pessoa do Filho, conforme lemos: “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (João 1:18).
Portanto, seguramente podemos afirmar que mesmo no Antigo Testamento o Filho revela a Divindade. Isso fica claro ao compararmos dois textos em especial: Isaías 6:1-5 e João 12:37-41. No primeiro, o profeta Isaías afirma que viu o Senhor, enquanto que no segundo, o apóstolo João escreve dizendo que a rejeição no ministério de Jesus cumpria a profecia de Isaías, sendo que este profetizou porque viu a glória de Jesus e falou sobre Ele.
Já com relação ao Anjo do Senhor, o que se sabe é que não se trata de um anjo como os demais, pois ele se identifica como sendo o Senhor, e ao mesmo tempo se distingue do próprio Senhor. Além de exibir o nome divino, esse Anjo, que no original geralmente é referido com o título Mal’akh Yahweh, ostenta poder e dignidade comum apenas a Deus, aceitando e exigindo adoração. Quando de fato o contexto aponta para um tipo de Teofania, normalmente se entende ser Ele uma manifestação da Segunda Pessoa da Trindade, o Filho.
Então da mesma forma com que o Filho pode ser percebido no Antigo Testamento, o Espírito também pode, sendo atribuída a Ele significativa importância na obra do Messias prometido (Isaías 11:2; 42:1; 61:10) e na preparação de seu povo (Joel 2:28; Isaías 32:15; Ezequiel 36:26,27).
Com relação ao Novo Testamento, a evidencia da Trindade é bastante explicita e abundante. No anúncio sobre o nascimento de Jesus feito a Maria, a ação do Deus Triúno fica evidente (Lucas 1:35).
O exemplo mais claro encontra-se no batismo de Jesus, quando o Espírito de Deus desceu sobre Ele como uma pomba, e uma voz do céu disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:16,17).
Na própria pregação de João Batista é possível notar uma referência a Trindade Divina, pois ele falava sobre a importância do arrependimento para com Deus e anunciava a vinda do Messias que tem poder para batizar com o Espírito Santo.
Já na fórmula batismal, o próprio Jesus declarou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28:19). Perceba que a palavra “nome” permanece no singular, ou seja, há um único nome, porque os três são um único Deus.
Também durante seu ministério, Jesus falou do Pai, orou ao Pai, deixou claro que não eram a mesma pessoa, mas ao mesmo tempo afirmou que eram Um (Mateus 5:16; 7:21; 11:25; 16:27; João 10:17-38), e também deu testemunho direto sobre o ofício do Espírito Santo (João 15 e 16). Entenda melhor o significa da expressão “Eu e o Pai somos Um”.

Deus é Um ou Três? Como Entender a Santíssima Trindade?
A Bíblia é muito clara ao afirmar que Deus é um, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo (Êxodo 20:3; Deuteronômio 4:35; Isaías 45:14; 46:9; 1 Coríntios 8:4-6; Efésios 4:3-6; etc.). O versículo mais conhecido sobre esse ponto, e que com o tempo se tornou a declaração de fé dos judeus, o Shemá, diz: “Ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor” (Deuteronômio 4:6).
Mas ao mesmo tempo, conforme vimos aqui, a Bíblia também revela que esse único Deus subsiste em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, igualmente eternas e divinas (Mateus 3:16,17; 9:4; 28:18; Marcos 2:1-12; João 1:1-3; 3:5-8; 5:27; 10:30; Atos 5:3,4; 1 Coríntios 2:10; 6:19; 2 Coríntios 13:14; Colossenses 1:17; etc.).
As pessoas gostam de procurar algum exemplo que explique a Trindade, porém isso é impossível, visto que não há nada que conheçamos que pode, ao menos, se assemelhar ao conceito do Deus Triúno conforme ensinado nas Escrituras. Portanto, a grande maioria desses exemplos mais prejudica o entendimento acerca da Santíssima Trindade do que ajuda.
A melhor coisa é simplesmente nos conformarmos que a pluralidade e a unidade não são contraditórias no Ser do único Deus, mesmo que isso pareça não fazer sentido a nós. Assim, a melhor definição é dizer que a Trindade significa que Deus é um Ser que subsiste em três pessoas, sem deixar de ser um, ou seja, há diversidade na unidade, há três pessoas em um único Deus.
Apesar de serem três pessoas distintas, não se tratam de três indivíduos separados, pois elas compartilham a mesma natureza, ou seja, são da mesma essência ou substância divina, e assim são igualmente Deus, possuem os mesmos atributos e a mesma vontade. Portanto, entendemos que o Ser de Deus não está dividido em três partes, ao contrário, Ele é uma só essência em três pessoas, e é por isso que Pai, Filho e Espírito são plenamente e perfeitamente Deus. Sobre isso, o próprio Jesus declarou: “Eu e o Pai somos um”.

Existe Hierarquia Na Trindade?
Para respondermos essa pergunta corretamente precisamos fazer uma distinção entre Trindade Ontológica e Trindade Econômica. A Trindade Ontológica fala acerca da Trindade em essência, e nesse sentido não há qualquer hierarquia ou subordinação.
Às vezes a expressão “1ª, 2ª e 3ª Pessoa da Trindade”, nos leva a falsa interpretação de que existe algum tipo de hierarquia, mas na verdade ela se refere ao fato de que o Pai origina, isto é, o Filho é eternamente gerado do Pai, e o Espírito procede eternamente do Pai e do Filho. Também é preciso entender que quando se diz “gerado” ou “procede”, não significa “criado”, ou seja, não há um único momento em que o Filho não existiu, ou mesmo que o Espírito esteve ausente.
O Pai sempre foi Pai, o Filho sempre foi o Filho do Pai, e o Espírito sempre foi procedente do Pai e do Filho (Miqueias 5:2; João 5:6; 15:26). Agostinho foi muito feliz em dizer: “O Pai é apenas o Pai do Filho, e o Filho apenas o Filho do Pai; o Espírito, entretanto, é o Espírito tanto do Pai como do Filho, unindo-os em um vínculo de amor”.
Isso significa que o Pai, o Filho e o Espírito são igualmente Deus, possuem o mesmo poder, a mesma majestade e devem ser adorados de igual forma. Biblicamente, cada pessoa da Trindade procura a honra da outra, simplesmente porque, na verdade, são um único e verdadeiro Deus.
Já a Trindade Econômica trata acerca da forma com que o Deus Triúno age em relação à Criação e à Redenção. Por exemplo, o Pai cria, através do Filho, pela agência do Espírito Santo. Assim, com relação à economia da obra da salvação, existe uma organização, e nessa organização, e somente nela, isto é, apenas no aspecto econômico, existe uma subordinação, pois o Pai envia o Filho, e o Pai e o Filho enviam o Espírito Santo. É nesse sentido, com relação ao que envolve o plano de salvação, que Jesus declarou ser menor que o Pai (João 14:28), e depois o apóstolo Paulo escreveu dizendo que Deus é o cabeça de Cristo (1 Coríntios 11:3).
Portanto, ainda com relação à salvação, é correto dizer que o Pai planejou a salvação e elegeu os santos, o Filho trouxe a redenção executando o plano salvífico, e o Espírito Santo confirma essa obra regenerando, capacitando e santificando o pecador. Em sua primeira carta, o apóstolo Pedro falou de forma muita clara e simples sobre isso (1 Pedro 1:2).
Para concluir, por mais que não possamos explicar completamente o que é a Trindade, certamente podemos compreender que só há um único Deus que subsiste em três pessoas, e que esse Deus Triúno, por sua infinita graça, de forma soberana, agiu em favor da nossa salvação.





Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Três Reis Magos? Seria Isso Mesmo?


Os Reis Magos estão fortemente ligados às tradições de Natal. Quem, na verdade, já não viu as imagens dos supostos três reis magos adorando, juntamente com os pastores, o menino Jesus na manjedoura de Belém, logo após seu nascimento? Mas são corretas essas tradições? Quem foram esses magos? Eles eram três? De onde eles vieram? Quando eles visitaram Jesus? O que a Bíblia diz sobre eles?

Quem Foram os Reis Magos e Quantos Eram Eles?
Sobre os nomes dos magos, estes não são mencionados na Bíblia. Portanto todos os nomes que você possa ter ouvido como supostamente sendo seus nomes são simplesmente tradições.
Sobre o seu número: embora a Palavra de Deus nos diga que os magos trouxeram três presentes: ouro, incenso e mirra (Mateus 2:21), ela em lugar algum diz que eles eram três. O que a Bíblia diz é que eles eram de número plural (“magos”), o que significa que eles eram certamente mais que um. Quantos eram, não podemos saber pois a Bíblia não diz. No entanto, pode muito bem ser que eles eram mais do que dois ou três desde que tais viagens longas como a viagem que fizeram para chegar a Belém, eram, por razões de segurança, geralmente organizadas em grandes caravanas.
Sobre a identidade dos magos, a palavra grega que é traduzida como "homens sábios" em Mateus 2:01 é a palavra "magos". Sobre o significado desta palavra, é usada pela primeira vez para a caracterização de um membro de uma casta de sacerdotes e sábios entre os medos, persas e babilônios, cuja aprendizagem foi principalmente a astrologia, astronomia e encantamento. A LXX (tradução do grego antigo de Antigo Testamento) usa essa palavra com este significado no livro de Daniel (Daniel 1:20, 2:2, 10, 27, 4:7, 5:7, 11). Também usa para eles a palavra "sábio" (Daniel 2:12, 18, 24, 27; 05:7, 8). Então quando, por exemplo, Daniel 5:11 diz que Daniel foi feito " chefe dos magos “ [LXX: "magoi": plural de "magos"] significa que ele foi feito mestre desta casta dos que aprenderam, homens sábios. Para além deste significado, a palavra "magos" também é usada com o significado de um mágico (Atos 13:6, 8). No entanto, no nosso caso, é claro que os magos que vieram visitar Jesus pertenciam à primeira categoria ou seja, eles eram membros desta casta de homens instruídos (um mágico nunca teria vindo para adorar o Filho de Deus).

Estavam Os Sábios Presentes Na Noite do Nascimento de Jesus?
Nós todos temos visto durante o Natal, as imagens dos magos adorando juntamente com os pastores o menino Jesus na manjedoura. Por mais costumeiro que esta tradição possa ser, não é o que realmente aconteceu. Nós lemos primeiro sobre a visita dos magos em Mateus 2:1:

Mateus 2:1
“E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém”

De acordo com esta passagem, os magos não chegaram a Jerusalém, senão DEPOIS que Jesus nasceu. Portanto, uma vez que eles permaneceram em Jerusalém no tempo apto para os eventos em Mateus 2:2-9 acontecerem (os magos chegaram em Jerusalém e começaram a procurar pela criança; Hérodes ficou perturbado com o que disseram, e chamou os sacerdotes e os escribas do povo para pedir-lhes para dizer onde o Messias nasceria; Hérodes chamou novamente os magos secretamente, os inquirindo para contar sobre o tempo que a estrela aparecera; finalmente, Hérodes enviou os magos para longe de Belém), é evidente que eles poderiam de modo algum poderiam ir à Belém, na noite do nascimento de Jesus, como ensina a tradição. Além disso, Mateus 2:11 nos diz:

Mateus 2:11
“E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram”

Como podemos ver, quando os magos chegaram a Belém, não encontraram Jesus em uma manjedoura, mas em CASA, ou seja, em um lugar onde ele, Maria e José estavam vivendo regularmente e corretamente. Obviamente, essa não era a noite do nascimento de Jesus, “mas DEPOIS que Jesus nasceu” (Mateus 2:1). A partir daí, pode-se concluir que após o nascimento de Jesus, José e Maria se estabeleceram em Belém, em uma casa.
Além disso, como Mateus 2:11 nos diz quando eles chegaram em Belém Jesus já não era um bebê, mas uma criança pequena. Sobre a idade do jovem Jesus durante a visita dos magos, Mateus 2:16-18 nos diz que Hérodes depois de descobrir que os sábios tinham o enganado e não tinham voltado para relatar a ele:

Mateus 2:16-18
“irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos.”

É importante notar aqui que, de acordo com esta passagem, Hérodes colocou um limite de idade nas crianças do sexo masculino de dois anos para baixo de "DE ACORDO COM O TEMPO QUE ELE DILIGENTEMENTE INQUERIU DOS MAGOS". Em Mateus 2:7, durante sua entrevista/interrogatório dos sábios, Hérodes inquiriu com precisão a partir deles em que tempo a estrela apareceu. Com isso, ele veio a conhecer a idade de Jesus. Assim, se Jesus nasceu quando "a sua estrela apareceu" no leste, pode-se concluir que quando os magos o visitaram ele poderia estar ainda com até 2 anos de idade.

Para Resumir:
* A Bíblia não diz que os magos eram três, nem menciona seus nomes.
* Os magos eram pessoas instruídas que vieram do leste.
* Os magos não visitaram Jesus na noite de seu nascimento. Segundo a Bíblia quando visitaram Jesus, ele não era um bebê numa manjedoura, mas uma criança em uma casa e ele poderia até mesmo estar com até 2 anos de idade.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre.

Tomé, O Apóstolo Incrédulo


Tomé foi um dos doze apóstolos de Jesus. Em algumas passagens bíblicas ele é chamado de Dídimo, que significa “gêmeo” (João 11:16; 20:24; 21:2). A história de Tomé na Bíblia está registrada nos quatro Evangelhos do Novo Testamento, além de também ele ser mencionado no livro de Atos ao lado dos demais apóstolos. 

Quem Foi Tomé? 
Não se sabe muito sobre a biografia de Tomé com relação a sua vida pessoal, origem etc. Seu nome, Tomé, é de origem aramaica e também significa “gêmeo”, assim como sua forma grega, Dídimo. Na verdade é o apóstolo João quem acrescentou a forma grega de seu nome, muito provavelmente por estar escrevendo para leitores gregos. 
Devido ao significado de seu nome, parece evidente que ele tenha tido um irmão gêmeo, porém não existe qualquer informação sobre esse irmão ou irmã do apóstolo. Também é no Evangelho de João que encontramos as melhores informações sobre quem foi Tomé, visto que nos outros Evangelhos e no livro de Atos ele é meramente mencionado na lista que traz os nomes dos apóstolos (Mateus 10:3; Marcos 3:18; Lucas 6:15; Atos 1:13). 

A Personalidade de Tomé 
Tomé aparece na Bíblia como sendo alguém de extremos, isto é, ele demonstrava ao mesmo tempo pessimismo e uma enorme devoção ao Senhor. Isso fica bastante claro na narrativa sobre a ressurreição de Lázaro, o irmão de Marta e Maria, amigo de Jesus. 
Na ocasião, considerando a ameaçava real de apedrejamento caso Jesus fosse à Judéia, Tomé declarou: “Vamos também nós para morrermos com ele” (João 11:16). Essa declaração expressa muito bem seu desânimo e pessimismo, isto é, ele era alguém que espera primeiro a desgraça. No entanto, essa mesma declaração mostra sua aptidão a morrer juntamente com o seu Senhor. 
É verdade que alguns comentaristas defendem que essa frase não se refere à ideia de morrer com Jesus, mas aponta para a situação de Lázaro, especialmente considerando o fato de que quando Jesus realmente foi preso e levado à morte, os discípulos fugiram. 
Todavia, essa interpretação não faz nenhum sentido à luz do versículo 8 do mesmo capítulo 11 de João, onde encontramos explicitamente a informação de que os judeus procuravam apedrejar Jesus. 
O fato de Tomé nesse episódio declarar que morreria com Jesus na Judéia, em nada contradiz seu sumiço no momento da crucificação. Devemos nos lembrar de que o apóstolo Pedro também afirmou que nunca negaria Jesus, mas no final o resultado foi outro. Isso não significa falta de sinceridade, apenas falta de coragem (Mateus 26:35). 
Mais tarde, Tomé também demonstrou dúvida acerca do ensino do Senhor Jesus de que os discípulos conheciam o caminho para onde Ele estava indo, ao dizer: “Senhor, não sabemos para onde estás indo; como podemos conhecer o caminho?” (João 14:5). 
É possível que Tomé, nesse questionamento, estivesse representado o pensamento dos outros discípulos. De qualquer forma, essa frase revela certa fraqueza, mas que é imediatamente confrontada com a conhecida resposta do Senhor Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (João 14:6). 

Tomé Viu o Cristo Ressurreto 
Após sua ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos, porém Tomé estava ausente. Mais tarde, quando os demais apóstolos lhe contaram que o Jesus havia aparecido, Tomé revelou certa incredulidade (João 20:24,25). 
Essa atitude parece se harmonizar com seu caráter um tanto quanto pessimista. Demonstrando nervosismo, Tomé exigiu provas tangíveis para poder acreditar na ressurreição de seu Mestre. Ele queria ver com seus próprios olhos e tocar com seus dedos as marcas dos cravos nas mãos de Jesus e seu lado que havia sido transpassado por uma lança. 
Isso significa que Tomé estava disposto a acreditar na ressurreição, mas não antes de receber provas concretas. Ele precisa se certificar de que Aquele a quem os discípulos estavam dizendo ter visto realmente era seu Mestre. Ele queria provar o que os outros tinham provado, isto é, ver o Senhor Jesus pessoalmente, e ainda ir mais além, tocar nas terríveis cicatrizes. 
Oito dias depois, estando os discípulos reunidos, Jesus apareceu no meio deles, mesmo com as portas e janelas do lugar onde estavam, trancadas. Então, Ele se dirigiu a Tomé e o convidou a tocar em suas feridas, exortando-o a não ser incrédulo, mas crente (João 20:27). Nesse episódio, com relação a sua natureza divina, Jesus revelou o atributo da onisciência. 
O texto bíblico não esclarece se Tomé tocou ou não nas feridas de Jesus, ou se apenas esse terno convite, respondendo nos mínimos detalhes a sua exigência, já tenha bastado. Muito provavelmente ele tocou, mas em todos os casos, seja qual tenha sido sua reação, ela o conduziu prontamente a sua profunda declaração de fé: “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20:28). 
Essa declaração apontava diretamente para verdade de que Jesus é realmente Deus, uma das pessoas da Santíssima Trindade (João 1:1-3). Tomé também estava presente junto aos discípulos que pescavam num barco no mar da Galiléia quando Jesus novamente apareceu a eles (João 21). 

A Morte do Apóstolo Tomé 
Além dos relatos bíblicos, pouca coisa se sabe sobre o restante da vida de Tomé. Existem muitas especulações a seu respeito baseadas em lendas e antigas tradições cristãs. Uma dessas tradições conta que Tomé pregou o Evangelho na Índia e Síria. 
Também não é possível afirmar qualquer coisa realmente confiável sobre como se deu sua morte. Alguns historiadores dizem que transpassado por uma flechada no peito, por um sacerdote pagão em Malipur, na Índia. Algumas tradições atribuem a ele a autoria do apócrifo Evangelho de Tomé, mas na verdade seu conteúdo carregado de influências gnósticas em nada lembra o verdadeiro apóstolo que andou com o Senhor Jesus. 
Apesar de alguns críticos recuarem a data da composição desse livro até o primeiro século, provavelmente essa obra foi escrita somente no século 2 d.C. na região da Síria, justamente onde existem fortes tradições sobre o apóstolo Tomé. Isso significa que algum autor gnóstico se aproveitou do nome de Tomé como pseudônimo para sua obra, possivelmente para facilitar a divulgação de suas ideias. 
Finalmente, podemos dizer que tudo o que realmente era importante que soubéssemos sobre quem foi Tomé está registrado na Bíblia, e certamente já é o suficiente para conhecermos um pouco mais sobre o popularmente conhecido “incrédulo Tomé”, que nos Evangelhos aparece como alguém que tinha seus defeitos, mas que também tinha uma profunda devoção ao Senhor Jesus.




Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre