Foto de James C. Lewis: https://fineartamerica.com/profiles/2-cornelius-lewis.html?tab=artwork&page=1
Algumas pessoas são líderes improváveis. Superficialmente, elas parecem
não ter as características que geralmente associamos com grandeza e poder.
Davi, por exemplo, era um jovem pastor de ovelhas, um sonhador que escrevia cânticos
e tocava harpa – qualidades geralmente não procuradas quando você escolhe
alguém para derrotar inimigos. No entanto, Deus o chamou não apenas para ser um
homem de guerra mas também rei de todo o Israel. Por quê? Porque Davi tinha
algo mais importante do que habilidade militar ou sangue real. Ele tinha fé em
Deus.
Na época dos juízes, uma mulher chamada Débora tornou-se líder de
Israel. Pelos nossos padrões, ela também era uma candidata improvável para essa
tarefa tão relevante. A Bíblia fala pouco sobre suas credenciais, a não ser que
era esposa e mãe (Juízes 4.4; Juízes 5.7), o que não a qualificava para dirigir um
país. Porém, Débora tinha a mesma vantagem que Davi: ela tinha fé em Deus.
Numa época em que Israel andava aos tropeços e cada homem fazia aquilo
que parecia certo aos seus próprios olhos (Juízes 17.6; Juízes 21.25), Deus
escolheu uma mulher de grande fé que estava disposta a segui-lO em obediência.
As Escrituras dizem que Débora era uma profetisa, significando que Deus
lhe falava e ela transmitia Sua Palavra ao povo. Ela era uma juíza, portanto,
julgava as pessoas que vinham até ela para resolver suas contendas.
Naturalmente, ela também era esposa e mãe.
Seu feito mais conhecido ocorreu quando os israelitas clamaram a Deus
por libertação depois de vinte anos de opressão sob o jugo de Jabim, rei de
Canaã. O poderoso Jabim tinha 900 carros de ferro e governava a partir de
Hazor, no Norte de Israel. Débora, que vivia no Sul, fora de Jerusalém, nas
regiões montanhosas de Efraim, convocou Baraque, da tribo de Naftali, da região
de Hazor. Quando Baraque chegou, Débora corajosamente transmitiu-lhe o plano de
Deus: “Porventura, o Senhor, Deus de Israel, não deu
ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens
dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom? E farei ir a ti para o ribeiro
Quisom a Sísera, comandante do exército de Jabim, com os seus carros e as suas
tropas; e o darei nas tuas mãos” (Juízes 4.6-7).
Baraque estava disposto a obedecer, mas insistiu que Débora fosse com
ele. Ela concordou, porém disse a Baraque que assim ele cederia a uma mulher a
honra de capturar Sísera.
Naquele dia Deus sustentou Israel, como Débora sabia que Ele faria. O
Senhor enviou uma chuva torrencial que inundou o ribeiro Quisom e fez com que a
armada aparentemente invencível de Sísera atolasse na lama. Este fugiu e foi
engodado por Jael, outra mulher, que cravou uma estaca de tenda em sua cabeça e
o matou. Dessa maneira, Deus libertou Israel.
Mais tarde, Débora escreveu um belo cântico (Juízes 5) que exalta a Deus e
revela muito sobre sua própria pessoa. Ela era uma mulher de profunda fé e
grande discernimento espiritual. Havia avaliado a sombria situação de seu país
com perspicácia (Juízes 5.6-7), compreendeu o motivo da decadência e assumiu a responsabilidade pela nação. Ela tinha tanta autoridade
que, quando convocou Baraque, ele veio imediatamente sem questionar sua
autoridade ou suas instruções. Débora é a única mulher na Bíblia que não apenas
governou Israel como também deu ordens militares a um homem, e isso com a
bênção de Deus.
Quando ela mandava reunir as tropas, esperava que elas se apresentassem.
Aos que ignoravam o chamado, ela amaldiçoava: “Amaldiçoai a Meroz,
...amaldiçoai duramente os seus moradores, porque não vieram em socorro
do Senhor” (Juízes 5.23). Débora provavelmente não conseguia
entender por que esses combatentes de Israel tinham tão pouca fé em Deus.
Por um lado, Débora aparentava ser uma mulher “dura” no confronto, mas
também parecia extremamente maternal. Somente uma mãe que se importa com seus
filhos pensaria em descrever a mãe de Sísera aguardando ansiosamente que seu
filho voltasse para casa, preocupada com sua demora em voltar da batalha.
É interessante observar que não há evidência bíblica de que Débora tenha
usurpado a autoridade masculina. É triste dizer que, provavelmente, existia
pouca autoridade masculina fiel a Deus naqueles dias. Israel estava em condição
espiritual tão lamentável que Deus envergonhou a nação daqueles dias depositando
o mais alto cargo de liderança nas mãos de uma mulher.
Hoje, vivendo em um mundo dirigido pelo sucesso e pelas realizações
materiais, é fácil esquecer que Deus não deseja tanto as nossas habilidades, mas
sim a nossa vontade, o nosso querer que vem da fé. Pense nisso.
Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.
Neander Silvestre.
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