Foto de James C. Lewis: https://fineartamerica.com/profiles/2-cornelius-lewis.html?tab=artwork&page=1
Ester, como tantas mulheres, nasceu num contexto da família da aliança,
junto ao povo de Deus. Mas, também como muitas, ela nasceu no meio do povo de
Deus quando este enfrentava grande crise. Ela nasceu no cativeiro, junto com o
povo judeu. Sendo assim cresceu aprendendo a história da redenção e as
promessas de restauração além da vergonhosa verdade acerca de porque eles
viviam ali.
Uma das coisas mais interessantes sobre a vida de Ester é como a
providência divina utiliza uma simples moça no livramento de todo seu povo. Nem
ela, nem sua família nunca imaginaram que ela seria tão importante nos planos
de redenção e preservação do povo de Deus; muitas vezes “Deus escolhe as coisas
humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada
as que são” 1 Coríntios 1:28.
Certa ocasião o rei Assuero, poderoso e rico, resolveu fazer uma
festinha singela que durou 180 dias; centenas de convidados e muita celebração
para exibir o poder e prestígio do rei. O texto diz que “havia muito
vinho real, graças à generosidade do rei. Bebiam sem constrangimento…” Ester
1:7,8. Dá pra imaginar né? Em certo momento o rei decidiu mostrar a todos que
possuía a mais bela das mulheres, mas a rainha Vasti não quis ser exibida
como troféu e por isso perdeu seu posto.
Assuero resolveu então promover um concurso de beleza em todo o reino
para selecionar a virgem mais bela a fim de ser sua nova esposa (imagine o
sucesso que faria esse reality show hoje em dia…).
Ester (também chamada Hadassa) era uma moça judia, que havia sido criada
pelo tio Mordecai após a morte de seus pais. Ela foi selecionada junto com
muitas outras e entrou no concurso (não que ela tivesse escolha). Ela foi
passando por cada fase eliminatória, recebendo tratamentos de beleza com
unguentos e alimentação adequada. Foram meses de embelezamento: “…seis meses
com óleo de mirra e seis meses com especiarias e com os perfumes e unguentos em
uso entre as mulheres” (Ester 2:12).
Após o final da preparação, lá estava Ester, a mulher mais bonita do
império. Após 12 meses sendo tratada, amaciada e enfeitada ela venceu o
concurso de beleza do imperador e se tornou sua esposa. Tudo indicava que ela
teria uma vida tranquila e sem sobressaltos, acesso às riquezas do império, a
ocasional atenção ao seu marido, enfim, muito do que tantas mulheres caçadoras
de marido adorariam ter. Mas a situação não estava bem para seu povo; e se não
estava bem para o povo de Deus também não estaria para essa moça de Deus.
Um homem perverso chamado Hamã odiava Mordecai; o bom e fiel judeu se
recusava a se prostrar perante um mero ser humano. Hamã fez um plano elaborado
para acabar com a vida não só de Mordecai, mas de todo o povo judeu; incitou o
povo a participar no assassinato dos judeus e na pilhagem de seus bens; quase
que um precursor de Hitler.
Mordecai, pela graça de Deus, percebeu os planos perversos de Hamã
e decidiu falar com sua sobrinha, a única judia que estava em posição de chegar
aos ouvidos do Rei. Ele pediu que Ester fizesse algo perigoso: aparecer diante
do rei sem ser convidada e interceder em favor dos judeus. Imagine o que se
passou na cabeça de Ester! Seu povo não morava aonde deveria morar, por conta
do pecado de seus antepassados, não dela! Ester tinha de morar exilada naquele
país distante casando com um rei megalomaníaco; isso já não era difícil o
suficiente? Seu povo estava, de novo, lhe causando problemas.
Seu povo, que tinha recebido tudo das mãos de seu Deus, que fora escravo
por séculos no Egito até que Deus os libertara e que fora tão teimoso em não
ouvir a voz dos profetas e agora sobraria para ela remediar a situação? Tantas
teriam dito: “Ah, tenha paciência! Cada um resolve seus problemas, estou
garantida para a vida toda.”
Mas ela ouviu a voz de Mordecai que lhe fez considerar a providência de
Deus: “quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada rainha?”
(Ester 4:14) e decidiu agir; ela viu a seriedade da situação e decidiu fazer o
que era certo mesmo que isso lhe custasse a vida. Note que ela decidiu fazer um
longo período de jejum após tomar a decisão de agir. Ela não
se escondeu da realidade por detrás de uma pretensa piedade de que tem que orar
por um tempão antes de qualquer decisão; a decisão correta e a providência de Deus
estavam bem claras diante dela.
Deus moveu o coração do rei em piedade e por amor a ela seu povo é
poupado. O bandido recebeu o que mereceu e muitos se tornaram judeus naquela
ocasião; passando a servir e adorar o Deus verdadeiro. O que era para ser morte
passou a ser para a vida.
Muito tempo depois, outra simples moça judia também foi escolhida por
Deus para que em pequenez viesse a salvação para o povo da aliança. Não sabemos
a respeito de sua formosura, mas ela achou graça diante de Deus. E o filho
dessa moça fez como Ester em aparecer diante do Grande Rei em favor de seu
povo; mas enquanto Ester disse “Se perecer, pereci”, Jesus desde o princípio
diz “vou perecer e vou voltar” e na morte e ressurreição de nosso amado Jesus
nossa vida é poupada. E ao longo do tempo estamos chamando em toda a
Terra muitos para se juntarem a nós, o novo Israel. E Cristo, agora como noivo,
está nos preparando como sua bela e imaculada noiva para um casamento que nos
espera. Logo chegará.
Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.
Neander Silvestre.
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