Separado Para Deus

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Natã, O Profeta


O Profeta Natã, ou Natan, foi um personagem bíblico contemporâneo do rei Davi. Entretanto, para sabermos mais sobre quem foi Natã na Bíblia, precisamos considerar o fato de que existem pelo menos onze registros desse nome nos livros do Antigo Testamento.
Dentre os onze homens nomeados como Natã, não se sabe exatamente quantos deles são de fato indivíduos separados. Alguns estudiosos consideram que seis deles são pessoas diferentes, enquanto outros afirmam que sete ou oito deles o sejam. As demais passagens tratam-se de referências aos mesmos personagens identificados, embora realmente seja muito difícil afirmar qualquer coisa nesse sentido.
Seja como for, neste estudo bíblico conheceremos os seis personagens bíblicos chamados de Natã e que foram identificados, além do Profeta Natã, é claro. Antes, vale saber que o nome Natã significa “Ele (Deus) deu”.

Quem foi Natã na Bíblia?
* Abaixo, temos a lista dos homens identificados como Natã, com exceção do Profeta Natã que falaremos mais à frente.
* Um homem de Judá, filho de Atai e pai de Zabade, citado em 1 Crônicas 2:36. Alguns consideram esse Natan como sendo o Profeta Natã, entretanto não há evidências concretas acerca dessa possibilidade.
* Um dos filhos de Davi com Bate-Seba nascido em Jerusalém (2 Samuel 5:14; 1 Crônicas 3:5; 14:5). Essa linhagem de descendência é citada no livro do Profeta Zacarias (cap. 12:12) e também na genealogia de Jesus no Evangelho de Lucas (cap. 3:31).
* Um habitante de Zobá, parente de dois dos guerreiros de Davi (2 Samuel 23:36; 1 Crônicas 11:38).
* Um dos companheiros de Esdras enviado por ele a colônia de judeus em Casifia, com a missão de obter ministros para a casa de Deus (Esdras 8:16).
* Um homem, filho de Bani, que expulsou sua esposa pagã após ser instruído por Esdras (Esdras 10:39). É muito provável que esse seja o mesmo personagem citado acima, embora não há como afirmar com exatidão.
* Pai de Azarias, um alto oficial da corte de Salomão (1 Reis 4:5). Na verdade a identidade desse Natã é a mais discutida, pois ele pode ser o mesmo Natã pai de Zabude citado na mesma passagem, além de ser possível que ele seja o Natã habitante de Zobá mencionado no item 3 dessa lista, ou o filho de Davi (item 2), ou mesmo o Profeta Natã.

O Profeta Natã
De todos os homens com esse nome, o Profeta Natã é certamente o mais conhecido deles. Como já dissemos, ele foi um profeta contemporâneo do rei Davi e citado no Antigo Testamento.
Se considerarmos que o Natã citado em 1 Reis 4:5 seja o Profeta Natã, então ele foi pai de Azarias e Zabude, dois homens muito importantes na corte de Salomão.
O Profeta Natã aparece na narrativa bíblica sem qualquer introdução, e desempenhou um papel importante em pelo menos três ocasiões descritas na Bíblia, conforme veremos a seguir.

O Profeta Natã e a Construção do Templo
Davi confessou a Natã seu desejo de construir a casa do Senhor, isto é, o Templo, como um lugar permanente para abrigar a Arca da Aliança (2 Samuel 7:1-17; 1 Crônicas 17:1-15). Num primeiro momento Natã aprovou a ideia, porém na mesma noite o Senhor falou com Natã para que ele avisasse Davi que não seria ele que construiria o Templo, mas tal tarefa seria desempenhada por um de seus filhos. A Bíblia nos mostra que tal filho foi Salomão.
Na mensagem de Deus para Natã, uma frase precisa ser destacada: “Você não irá construir a minha casa, mas eu construirei sua casa“. Obviamente tal frase possui um elemento messiânico muito significativo, ou seja, a “casa de Davi” que Deus comunicou que construiria na mensagem era a dinastia que vai além do reinado de Salomão, ou seja, a linhagem pela qual o Messias viria ao mundo.

O Profeta Natã e o Pecado de Davi
O Profeta Natã foi o homem que, usado por Deus, confrontou o rei Davi em relação ao seu duplo pecado: o adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias, seu marido (2 Samuel 12:1-15).
Na ocasião da repreensão, Natã contou uma parábola que despertou o senso de justiça em Davi sem ao menos ele saber que tal parábola referia-se a sua própria situação (2 Samuel 12:1-15). Quando entendeu que estava sendo severamente repreendido pelo Senhor, Davi se arrependeu profundamente e alcançou o perdão divino, embora ele não conseguiu evitar as terríveis consequências desses atos.

O Profeta Natã e a Coroação de Salomão
O Profeta Natã também teve uma participação importante na sucessão do trono de Davi (1 Reis 1:5-48). Quando Davi já estava no fim de sua vida, e ainda não havia anunciado o seu substituto, Adonias, seu filho, arquitetou um plano para apoderar-se do trono de Israel.
Ao ser informado sobre o que estava havendo, Natã aconselhou Bate-Seba para que ela fizesse com que Davi lembra-se da promessa de que Salomão seria o seu sucessor. O Profeta Natã também aproveitou a oportunidade para revelar a Davi o plano de Adonias. Então, o Profeta Natã finalmente foi instruído a proclamar Salomão como rei de Israel.
O livro de 2 Crônicas nos mostra que aparentemente Natã teve alguma participação no desenvolvimento da música no Templo (2 Crônicas 29:25). O Profeta Natã também escreveu a história do reinado de Davi (1 Crônicas 29:29) e, também, alguma parte da história do reinado de Salomão (2 Crônicas 9:29). É provável que os escritos de Natã, ou parte deles, tenham sido incluídos nos livros de Reis e Crônicas.



Abraços e fiquem na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

Nabucodonosor, O Rei do Império Neobabilônico


O rei Nabucodonosor foi o imperador mais conhecido e poderoso do Império Babilônico, e ficou no poder por aproximadamente 43 anos. Nabucodonosor era filho de Nabopolassar, que também havia sido rei da Babilônia antes dele, e esposo de Amitis da Média.
Antes de falarmos sobre quem foi Nabucodonosor, precisamos saber que o nome “Nabucodonosor” foi utilizado por quatro reis babilônicos. Dentre estes monarcas, o Nabucodonosor da Bíblia é na História o Nabucodonosor II, o único destes monarcas citado nos textos bíblicos.
Apesar de ser chamado de “Nabucodonosor II” ele nada tem a ver com o Nabucodonosor I, que reinou mais de 500 anos antes dele, entre 1127 a.C. e 1105 a.C.


Significado de Nabucodonosor
O significado do nome Nabucodonosor gera algumas dúvidas entre os estudiosos. As melhores sugestões dizem que Nabucodonosor significa “Nebo, proteja as fronteiras” ou “Nebo, proteja a minha coroa”.

O nome original é o babilônico Nabukudurri-usur, que foi transliterado no texto bíblico para o hebraico, aramaico e grego, na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento).


A Coroação de Nabucodonosor Como Rei da Babilônia
Nabucodonosor sucedeu seu pai, Nabopolassar, no trono da Babilônia e reinou entre 604 a.C. e 562 a.C. Antes de assumir o trono, Nabucodonosor, na condição de príncipe herdeiro, serviu como comandante do exército babilônico em algumas ofensivas militares.

Seu pai foi o fundador da dinastia caldaica, que se aproveitando do enfraquecimento da Assíria, conseguiu se tornar rei da Babilônia em 626 a.C. Devido a uma aliança medo-babilônica, ele também conseguiu destruir Nínive, e depois avançar contra Harã.
Depois que a Assíria caiu, o Egito do Faraó Neco II passou a dominar Judá completamente, inclusive nomeando e destituindo governantes judeus conforme lhe agradasse. Finalmente em junho de 605 a.C., as forças egípcias foram derrotadas em Carquemis pelo até então príncipe Nabucodonosor.
Em agosto de 605 a.C. Nabopolassar morreu, e Nabucodonosor paralisou a campanha que estava liderando e atravessou o deserto para voltar e assumir o trono da Babilônia em 6 de setembro de 605 a.C.


O Reinado do Rei Nabucodonosor
Aqui vale dizer que a cidade da Babilônia alcançou grande prestígio e poder em aproximadamente 1850 a.C., e depois entrou em declínio. Foi então com Nabucodonosor, mais de mil anos depois, que ela recuperou toda sua glória. Por este motivo o império liderado por Nabucodonosor é conhecido como Império Neobabilônico.

Ainda em 605 a.C., após derrotar os egípcios em Carquemis, Nabucodonosor avançou contra Jeoaquim, rei de Judá (2 Reiss 24:1,2; 2 Crônicas 36:5-7). Essa foi a primeira de três invasões babilônicas contra Judá, e também foi nessa ocasião que Daniel, Hananias, Mizael e Azarias foram levados cativos por Nabucodonosor.
Jeoaquim então se submeteu ao rei Nabucodonosor e foi temporariamente leal a ele. No entanto, depois de três anos o rei Jeoaquim se rebelou contra Nabucodonosor e transferiu sua lealdade aos egípcios, apesar das constantes advertências do profeta Jeremias (Jeremias 27:9-11).
Foi então que em 597 a.C. Nabucodonosor marchou contra a Palestina e cercou a cidade de Judá, na segunda invasão babilônica contra Judá. Na ocasião, Nabucodonosor capturou o rei Joaquim, o qual estava no poder apenas a três meses após a morte de seu pai, o rebelde Jeoaquim.
Para o lugar de Joaquim, o rei Nabucodonosor nomeou Matanias, que passou a se chamar Zedequias (2 Reis 24:17; 2 Crônicas 36:10). Na ocasião ele deportou para a Babilônia o rei deposto Joaquim, juntamente com todos os judeus que poderiam tentar promover uma rebelião (2 Reis 24:12-16; 2 Crônicas 36:10; Jeremias 22:24-30; 52:28).
Nabucodonosor também saqueou o Templo de Salomão e capturou um enorme despojo de guerra. Zedequias permaneceu leal a Nabucodonosor durante um tempo, mas depois também se rebelou ao ceder às pressões do povo.
Vale dizer que por muitas vezes Jeremias aconselhou o povo a se manter longe da rebelião. Curiosamente nesse período um falso profeta chamado Ananias profetizou que dentro de dois anos todos os cativos voltariam do cativeiro babilônico.
Jeremias denunciou essa falsa profecia e advertiu o povo que o Senhor lhe havia revelado que o exílio na Babilônia seria bastante prolongado (Jeremias 29:1-23). Mesmo depois de muitos conselhos do profeta do Senhor, finalmente Zedequias se rebelou contra Nabucodonosor (2 Reis 24:20; 2 Crônicas 36:13-16; Jeremias 52:3).
Então, em aproximadamente 587 a.C., Nabucodonosor começou sitiar Jerusalém (2 Reis 25:1; Jeremias 39:1; 52:4; Ezequiel 24:1,2). A cidade de Judá suportou o cerco babilônico durante um tempo, até que caiu completamente sob o domínio do rei Nabucodonosor.
Na ocasião houve mais uma grande deportação de cativos para a Babilônia, ficando para trás apenas as pessoas mais pobres (2 Reis 25:8-17; 2 Crônicas 36:17-20; Jeremias 39:9,10; 52:12-23).
Jerusalém foi arrasada e o Templo destruído. O rebelde rei Zedequias foi capturado por Nabucodonosor que o forçou a assistir a execução de seus próprios filhos, antes de ter os olhos cegados e ser levado acorrentado para a Babilônia onde acabou morrendo (2 Reis 25:5-7; Jeremias 39:4-8; 52:8-11).
Depois de ter destruído Jerusalém, Nabucodonosor nomeou outro governador judeu, Gedalias, que mais tarde acabou assassinado devido a mais uma conspiração contra o domínio babilônico sobre Judá.
O rei Nabucodonosor também liderou várias ofensivas contra outras nações, como por exemplo, contra Tiro entre 585 e 572 a.C. (Ezequiel 26-28; 29:18) e contra o Egito em aproximadamente 568 a.C.


As Construções do Rei Nabucodonosor
O rei Nabucodonosor não foi apenas um grande estrategista militar, mas foi também um importante construtor enquanto esteve à frente do Império. Expedições arqueológicas já provaram que o rei Nabucodonosor transformou Babilônia em uma cidade muito imponente.

Ao mesmo tempo em que fortificava as defesas militares da cidade, Nabucodonosor também embelezou Babilônia. Ele restaurou muitos templos nas cidades que estavam sob seu governo, e construiu uma avenida que cortava a Babilônia para a procissão de Marduque, um deus pagão babilônico.
Nabucodonosor também construiu novos canais para irrigar a cidade, e seu palácio era esplendoroso (cf. Daniel 1-4). Sem dúvida sua construção mais famosa e polêmica são os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Esses jardins consistiam em um conjunto de árvores plantadas em calçadas elevadas sustentadas por grandes pilares que simulava uma região montanhosa. Acredita-se que Nabucodonosor tenha feito isto como presente para sua esposa Amitis, que era natural de uma região montanhosa. Todavia, existe muita discussão sobre a real existência desse jardim.


Nabucodonosor na Bíblia
O reinado de Nabucodonosor compõe o contexto histórico para grande parte dos livros dos profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel, aliás, este último nos fornece muitas informações sobre quem foi Nabucodonosor.

O próprio profeta Daniel desempenhou um importante papel em seu governo, e foi uma das pessoas de destaque na Babilônia, assim como seus amigos Hananias, Mizael e Azarias (Daniel 1-3).
Na narrativa bíblica percebemos que o rei Nabucodonosor foi um instrumento nas mãos de Deus, o qual Ele usou para castigar nações, incluindo o povo de Judá. Em Jeremias, por exemplo, lemos a expressão “Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo” por mais de uma vez (cf. Jeremias 25:9; 27:6).
Isso não significa que Nabucodonosor era um servo devoto ao Senhor, ao contrário, ele era um rei pagão, mas que havia sido designado por Deus para cumprir um papel de agente do Seu julgamento contra as nações incrédulas.
A religiosidade pagã do rei Nabucodonosor pode ser claramente percebida no episódio em que ele condenou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego à fornalha de fogo ardente, após os três jovens hebreus terem negado adoração à estátua que ele havia construído (Daniel 3).
Após o livramento sobrenatural dado por Deus aos três jovens, Nabucodonosor aparece no texto bíblico reconhecendo que aqueles homens eram “servos do Deus Altíssimo” (Daniel 3:27).
No entanto, essa declaração não significava uma conversão, mas apenas que ele reconhecia que o Deus daqueles homens era superior a outras divindades, ou seja, não existia ali um conceito de monoteísmo por parte de Nabucodonosor.


Os Sonhos de Nabucodonosor
O livro de Daniel também descreve os sonhos que o rei Nabucodonosor teve. O primeiro sonho está registrado em Daniel 2, onde o rei sonhou com uma grande estátua feita de vários materiais (ouro, prata, bronze, ferro e argila). Esse sonho se referia a ascensão e queda de potências mundiais, mas, sobretudo, a forma com que Deus estava conduzindo a História de acordo com seus propósitos.

O sonho perturbou o rei, e ele convocou os magos e encantadores para que pudessem revelar e interpretar o sonho, já que ele não contou o conteúdo do próprio sonho, muito provavelmente por não se lembrar dele. Daniel, demonstrando que era grandemente abençoado por Deus, foi o único capaz de revelar e interpretar o sonho do rei. Esse sonho ocorreu no segundo ano de seu reinado.
O segundo sonho está registrado em Daniel 4, e ocorreu no quadragésimo terceiro ano do reinado de Nabucodonosor, quando este estava no auge do poder.
Ele sonhou com uma grande árvore sendo cortada. Mais uma vez Daniel, usado por Deus, interpretou o senho do rei, que significava que ele seria castigado por Deus com um tempo de loucura devido ao seu orgulho.


A Loucura de Nabucodonosor
Em Daniel 4 somos informados de que o rei Nabucodonosor passou por um período de loucura como consequência de sua soberba. Antes, ele havia sido avisado pelo profeta Daniel sobre os erros que estava cometendo, mas o aviso não surtiu efeito.

Deus castigou o rei Nabucodonosor a um período de sete tempos de loucura, onde durante esse período ele se comportou como um animal, ou seja, ele acreditava ser um animal. Os estudiosos classificam essa doença como um possível caso severo de licantropia clínica.
Terminado o tempo determinado por Deus, o rei Nabucodonosor recobrou o entendimento, e deu glória a Deus.

Nabucodonosor Foi Convertido?
Essa é uma dúvida que muita gente possui. Na verdade, por incrível que pareça, algumas pessoas até pregam que o rei Nabucodonosor foi convertido, apesar da Bíblia não dizer nada sobre isto.
Como vimos, o fato do rei Nabucodonosor ser chamado por Deus de “servo” apenas significa que ele fez parte do plano soberano de Deus, ou seja, nosso Deus é Senhor sobre tudo e todos, e utiliza até mesmo um rei megalomaníaco, como Nabucodonosor, para cumprir os seus propósitos.
Para defender uma possível conversão, muitas pessoas se apoiam na declaração do rei Nabucodonosor após ter sido curado da doença que lhe acometeu, onde ele confessou eloquentemente a soberania e a majestade de Deus (Daniel 4:34-37).
No entanto, em nenhum lugar na Bíblia encontramos o rei Nabucodonosor confessando que o Deus de Israel era o único Deus e criador supremo de todo o universo.
É verdade que Nabucodonosor presenciou algumas vezes o poder sobrenatural de Deus, e conviveu durante muito tempo com o profeta Daniel, porém isso não implica em uma conversão genuína.
A melhor resposta para essa pergunta é dizer que a Bíblia não nos informa nada sobre essa questão, isto é, não há nenhum texto que mostra a conversão do rei Nabucodonosor, e defendê-la seria pura especulação e alegoria. Ele pode tanto ter sido convertido como não ter sido. Logo, sobre isto é melhor nos calarmos.
Os registros babilônicos também não falam nada a respeito, e mesmo que o rei Nabucodonosor tenha sido convertido, obviamente tais registros nunca testemunhariam esse acontecimento.
Na verdade, os registros do rei Nabucodonosor nas crônicas da Babilônia sempre o descrevem como um homem muito religioso, que guardava todos os preceitos do paganismo babilônico, e era um grande devoto de Marduque.


A Morte do Rei Nabucodonosor
Apesar de existir muito material arqueológico e literatura babilônica sobre o rei Nabucodonosor, faltam registros sobre a última parte de seu reinado. O que se sabe é que Nabucodonosor morreu entre agosto e setembro de 562 a.C., com aproximadamente 70 anos de idade.
O rei Nabucodonosor foi sucedido por seu filho, Evil-Merodaque, o qual reinou por apenas dois anos, e pouco tempo depois o Império Babilônico entrou em declínio, caindo, finalmente, diante dos persas.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

Naamah, Uma das Esposas de Salomão


Não se sabe muito sobre Naamah, acredito que das biografias aqui, ela seja a menor que farei, porém, o pouco que achei segue.
Espero que possa ajudar ou se alguém souber mais sobre ela nos ajude nos comentários e o principal referências bíblicas ou respaldo bíblicos gosto de ler pelas referências.


Naamah ("agradável") era uma antiga rainha consorte. Uma rainha consorte é a esposa de um rei reinante (ou uma consorte de imperatriz no caso de um imperador ). Uma rainha consorte geralmente compartilha a posição social e o status do marido. Ela detém o equivalente feminino dos títulos monárquicos do rei, mas historicamente, ela não compartilha os poderes políticos e militares do rei. Uma rainha reinante é uma rainha com todos os poderes de um monarca, que (geralmente) se tornou rainha ao herdar o trono após a morte do monarca anterior. 

Salomão tinha setecentas esposas e cerca de trezentas concubinas. As suas mulheres são descritas como princesas estrangeiras, incluindo a filha do Faraó e as mulheres de Moab, Ammon, Sidon e dos hititas. A única mulher que ele teve que é mencionada por nome é Naamah, a filha do Faraó. 
Nas escrituras hebraicas aparece que ela se casou com o rei da Monarquia Unida de Israel (Salomão) para cimentar uma aliança política com o Egito.
O rei Salomão se envolveu com as mulheres amonitas. Uma delas, por nome de Naamah, foi mãe de seu filho Roboão (1 Reis 14:21,31; 2 Crônicas 12-13). Mas o envolvimento de Salomão com as mulheres estrangeiras, incluindo as amonitas, foi desastroso. Para agradá-las, ele acabou adorando a falsos deuses. Entre essas divindades estava Milcom (ou Moloque), o deus nacional dos amonitas (1 Reis 11:1-33). Salomão chegou a construir altares dedicados a esses falsos deuses que foram destruídos somente com as reformas do rei Josias (2 Reis 23:13).


Naamah esposa do rei Salomão, filha do Rei Amom (Amonita) e mãe de seu herdeiro Roboão como disse anteriormente, de acordo com 1 Reis 14: 21-31 e 2 Crônicas 12:13 na Bíblia Hebraica . Ela era amonita e era a rainha mãe de Israel ou Judá que era estrangeira. Ela também foi a única das esposas de Salomão a ser mencionada, dentro da Bíblia Hebraica , como tendo tido um filho. 

Obs.: Infelizmente é o que consegui sobre Naamah.


Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre 


Mulher do Fluxo de Sangue


A mulher do fluxo de sangue foi a pessoa que tocou na orla das vestes de Jesus. Ela pensou que poderia ser curada sem que Jesus a percebesse. A história da cura da mulher do fluxo de sangue está registrada nos três Evangelhos Sinóticos (Mateus 9:20-22; Marcos 5:25-34; Lucas 8:43-48). 
É interessante notar que o milagre sobre a mulher do fluxo de sangue ocorreu quando Jesus estava indo realizar outro milagre. Ele estava a caminho da casa de Jairo, cuja filha até então estava em estado terminal, quando essa mulher tocou suas vestes. 

Quem Era a Mulher do Fluxo de Sangue? 
A Bíblia não registra o nome da mulher que tinha o fluxo de sangue. Tudo o que se sabe é que provavelmente ela era uma moradora da cidade de Cafarnaum. Antes de se encontrar com Jesus, ela já havia sofrido por doze anos de uma hemorragia. 
Alguns estudiosos entendem que o fluxo sanguíneo daquela mulher era constante; já outros entendem que a hemorragia não era necessariamente constante, mas certamente era frequente. Então periodicamente ela sofria com a perda excessiva de sangue. 
Seja como for, aquela hemorragia lhe deixava debilitava fisicamente. Além disso, o fluxo de sangue também a tornava impura segundo a Lei Mosaica (Levítico 15:19). Dessa forma, aquela mulher enfrentava uma série de privações religiosas e sociais. 
Ela jamais poderia ir ao Templo em Jerusalém. Tudo o que ela tocava também era visto como imundo. Diante da Lei Levítica, a cama em que ela dormia, a cadeira que ela se sentava, as coisas que ela usava e as roupas que ela vestia eram todas imundas. Qualquer um que a tocasse era considerado imundo. 
A Bíblia também diz que a mulher do fluxo de sangue havia procurado ajuda de todas as formas. Ela gastou tudo o que tinha com os médicos de sua época. Mas nenhum tratamento médico resolveu seu problema e sua saúde piorava cada vez mais ao longo dos doze anos (Marcos 5:25,26). Tudo isso indica a situação desesperadora daquela mulher. Nos últimos doze anos ela havia vivido na solidão, acompanhada da vergonha. 

Como a Mulher do Fluxo de Sangue Foi Curada? 
Jesus estava seguindo por um caminho em Cafarnaum cercado por uma grande multidão. Ele já havia curado muitas pessoas naquela região, então era natural que as pessoas o acompanhassem ali. A multidão era tão grande que acabava dificultando sua caminhada. Eram muitos esbarrões e Jesus caminhava apertado e com dificuldade. 
A mulher do fluxo de sangue viu em Jesus a oportunidade única de sua vida. Ela creu que se ao menos tocasse em suas vestes sua hemorragia seria estancada. Então ela veio por de trás da multidão e tocou na orla do vestido de Jesus e imediatamente foi curada (Marcos 5:29). 
Mas a mulher do fluxo de sangue achou que poderia tocar em Jesus silenciosamente, ser curada e permanecer anônima. Por causa de sua condição, naturalmente ela não desejava se expor publicamente. Tão logo que tocou na orla das vestes de Jesus, a mulher entendeu que havia sido curada. Talvez por um instante ela provavelmente concluiu que Jesus nunca haveria de percebê-la. 
Mas a mulher do fluxo de sangue estava enganada. Jesus sentiu que alguém havia lhe tocado de forma diferente. Por isso Ele perguntou: “Quem tocou nas minhas vestes?” (Marcos 5:30). Os discípulos acharam que a pergunta de Jesus não fazia sentido. Muitas pessoas estavam tocando o Mestre naquela multidão. Mas Jesus sabia que alguém lhe havia tocado não apenas com as mãos, mas principalmente com a fé. 
Aqui vale dizer que, como homem, Jesus de fato não sabia quem lhe tinha tocado. Mas como Deus, Ele sabia que em resposta a um toque de fé, poder curador havia saído dele. Saiba mais sobre a natureza divina de Jesus

A Confissão da Mulher Que Tinha Um Fluxo de Sangue 
Então a mulher que havia sofrido com o fluxo de sangue escutou a pergunta de Jesus e percebeu que Ele a procurava no meio da multidão. Ela entendeu que não poderia se esconder. Sua fé oculta seria revelada. 
A Bíblia diz que naquele momento a mulher se aproximou de Jesus temendo e tremendo e lhe declarou toda a verdade. Aqui é preciso entender que aquela era uma situação embaraçosa para aquela mulher. De acordo com a cultura de sua época, era inapropriado que ela ficasse em evidência pública. Além disso, ela sabia que sua doença a tornava impura e ela não podia tocar em alguém. 
Então ela não sabia exatamente se Jesus iria repreendê-la por causa do que havia sido feito. Mas mesmo assim ela se prostrou diante de Jesus e lhe contou tudo. Provavelmente foi nessa hora que ela explicou o sofrimento que havia enfrentado por doze anos. Mas ao invés de repreendê-la, Jesus a confortou de forma amorosa. Ele disse: “Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre do teu mal” (Marcos 5:34). 
Com essas palavras Jesus não apenas garantiu que a saúde da mulher do fluxo de sangue havia sido restaurada, mas também restaurou sua vida social e religiosa. Agora aquela mulher poderia finalmente ir em paz. 

Lições da História da Mulher do Fluxo de Sangue 
A história da mulher do fluxo de sangue certamente tem muito a nos ensinar. Em primeiro lugar, aprendemos que Jesus é a esperança para os desesperançados. Aquela mulher tinha esgotado todos os seus recursos. Humanamente falando, não havia mais nada que pudesse ser feito a seu favor. 
Ela estava presa numa solidão terrível. Ela não tinha paz e era refém da agonia. Aos olhos de todos, a mulher do fluxo de sangue era imunda e não havia esperança de que ela deixasse aquela posição amaldiçoada. Mas aos olhos Jesus, a mulher desprezada que sofria com um fluxo de sangue era tão próxima quanto uma filha. 
Em segundo lugar, a história da mulher do fluxo de sangue nos ensina sobre a supremacia da santidade de Cristo. Pela lógica humana, quando algo impuro tem contato com algo limpo, o impuro contamina o que é puro. Um copo de água poluída torna sujo todo um tanque de água potável. Assim, se uma pessoa considerada limpa tivesse contado com algo imundo, ela também seria considerada impura. 
Mas com Jesus é diferente. Sua pureza é sem igual! Ele próprio é a fonte da genuína santidade. Quando a mulher do fluxo de sangue lhe tocou Ele não ficou impuro, ao contrário, foi ela quem ficou pura. Por isso mesmo somente Ele pode transformar pecadores impuros e imperfeitos em filhos santificados de Deus dando-lhes vestes brancas como a neve (Apocalipse 3:5; 7:13,14). 
Em terceiro lugar, a história da mulher do fluxo de sangue nos ensina que a fé é um instrumento para a manifestação do poder de Deus. Através da fé, Cristo a curou física e espiritualmente. Seu corpo e sua alma tinham sido restaurados. Por isso Ele disse: “A tua fé de salvou”. 
Mas isso não significa que essa fé era fruto da própria capacidade pessoal daquela mulher. Muito pelo contrário, o próprio Jesus era a causa dessa fé! Sem Ele a mulher do fluxo de sangue jamais teria possuído e exercitado tamanha fé (cf. Efésios 2:8; Hebreus 12:2). Saiba mais sobre o significado da fé
Além disso, ao enfatizar a fé como o instrumento desse milagre, Jesus automaticamente tratou de acabar com qualquer tipo de superstição de que sua peça de roupa teria contribuído para a cura da mulher do fluxo de sangue. Definitivamente quem cura e restaura é Jesus em resposta à fé, e não um tecido ou qualquer objeto supostamente místico ou sagrado.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

Moisés, O Libertador de Israel


Moisés foi o homem escolhido por Deus para liderar o povo de Israel em sua libertação da escravidão no Egito. A história de Moisés na Bíblia está registrada entre os livros de Êxodo e Deuteronômio.
Moisés é considerado o principal personagem bíblico do Antigo Testamento. Ele foi o legislador por meio do qual Deus constituiu os hebreus como nação, e os conduziu até os limites da Terra Prometida. Moisés é reconhecido como o autor dos cinco primeiros livros da Bíblia.

Quem foi Moisés na Bíblia?
Moisés era descendente da tribo de Levi, do clã de Coate. Alguns estudiosos defendem que ele era filho de Joquebede e Anrão. Outros acreditam que ele foi apenas um descendente desse casal, ou seja, um filho da casa de Anrão. De qualquer forma, o nome dos pais de Moisés não aparece no texto bíblico que descreve a história de seu nascimento e infância (Êxodo 2; cf. 6:20; Números 26:59).
O significado do nome “Moisés” é incerto, pois não se sabe com exatidão sua origem. Alguns acreditam que esse nome seja de origem semita, no hebraico Mosheh, que significa “tirado para fora” (cf. Êxodo 2:10). Outros entendem que esse nome seja de origem egípcia, talvez derivado de Mose, que significa “é nascido”.
Toda essa discussão acontece porque também não se sabe ao certo quem deu esse nome ao menino. Provavelmente foi a princesa egípcia quem lhe deu o nome de Moisés. Porém existe alguma possibilidade de sua própria mãe, que serviu como sua ama, ter lhe dado esse nome (Êxodo 2:10).

O Nascimento e a Vida de Moisés no Egito
A história do nascimento de Moisés é bastante conhecida. Quando ele nasceu no Egito, havia uma ordem de Faraó de que todo menino hebreu fosse lançado no rio. Todavia, seus pais desafiaram esse decreto e esconderam o menino. Mais tarde, eles o colocaram no rio dentro de um cesto de junco vedado com piche (Êxodo 2:3).
Quando a filha de Faraó foi ao rio se banhar, viu o cesto que flutuava e se afeiçoou ao menino. A irmã de Moisés que vigiava o cesto, muito provavelmente Miriã, viu quando a princesa o pegou. Então rapidamente ela se ofereceu para arrumar alguém que pudesse criá-lo como ama. Nesse caso, a mulher escolhida foi sua própria mãe biológica. Saiba mais sobre quem foi Miriã.
Quando o menino alcançou certa idade, ele foi levado à filha de Faraó, e passou a viver na corte egípcia. Não se sabe muita coisa sobre como foi a vida de Moisés no Egito. Tudo o que se sabe é que ele foi “instruído em toda a ciência dos egípcios” (Atos 7:22).
Quando já era um homem adulto, Moisés demonstrou se importar com seu povo de origem. Ao defender um hebreu que estava sendo espancado, ele acabou matando o agressor egípcio. Moisés pensou que ninguém havia visto o que ele fez, mas no outro dia, ao tentar intervir na discussão entre dois hebreus, um deles lhe acusou de assassinato (Êxodo 2:11-14).

Moisés Foge Para Midiã e se Casa
Quando Faraó soube o que Moisés havia feito, procurou matá-lo. No entanto Moisés fugiu em direção ao deserto do Sinai, e se estabeleceu em Midiã. Foi em Midiã que ele ajudou e protegeu as filhas de Reueu, também chamado de Jetro.
Moisés acabou se casando com uma das filhas desse homem, Zípora. Com ela Moisés teve dois filhos: Gérson e Eliezer (Êxodo 2:22; 18:4). Ele também passou a cuidar do rebanho de seu sogro nas proximidades de Horebe, na península do Sinai. Saiba mais sobre o Monte Horebe.

Deus Convoca Moisés
Foi enquanto estava sendo pastor de ovelhas que Deus se revelou a Moisés e o convocou para liderar o povo de Israel em sua libertação do Egito. Ele estava cuidando do rebanho no deserto quando viu uma sarça ardente. Entenda o significado da sarça ardente.
Através daquele evento miraculoso, Moisés conheceu o Deus santo e vivo. Ele mostrou-se um tanto quanto relutante a retornar ao Egito. Porém ele recebeu de Deus a garantia de sua presença como sinal de que ele havia sido enviado pelo Todo-Poderoso, cujo nome é: “Eu sou o que Sou” (Êxodo 3:13-15). Saiba quais são os nomes de Deus.
Moisés também alegou não ser eloquente ao falar. Por isso Deus permitiu que Arão, seu irmão, servisse como seu porta-voz, declarando a mensagem dada pelo Senhor a ele (Êxodo 4:14-16).

Moisés Volta ao Egito
Depois de ter passado quarenta anos cuidando de ovelhas no deserto, Moisés retornou ao Egito para confrontar Faraó e pedir a liberação do povo hebreu. Naquela ocasião ele já estava com oitenta anos de idade. Faraó se opôs ao seu pedido e desprezou o Deus de Israel.
Tudo aconteceu conforme o plano soberano de Deus. Muitos anos antes, o Senhor havia prometido ao patriarca Abraão que julgaria a nação que haveria de dominar e oprimir o seu povo (Gênesis 15:13,14).
Deus então demonstrou, através de Moisés e Arão, sinais de seu poder, tanto aos egípcios quando os hebreus. Deus enviou uma série de dez pragas que significavam o juízo divino sendo derramado sobre a nação do Egito, seu rei e seus deuses. Saiba quais foram as dez pragas enviadas ao Egito.

Moisés Lidera o Povo de Israel
Após o envio das consecutivas pragas que apontavam para o poder do Deus de Israel, Faraó deixou que os israelitas saíssem do Egito. No entanto, antes da última praga que consistiu na morte dos primogênitos do Egito, Deus deu instruções a Moisés para instituir a celebração da Páscoa (Êxodo 12:27).
Após a saída do povo de Israel do Egito, Faraó ainda tentou persegui-lo. Provavelmente ele acreditou que os israelitas ficariam encurralados pelo mar. No entanto, Deus abriu as águas do Mar Vermelho para o povo de Israel passar, e depois as fechou sobre o exército de Faraó.
Depois disso, o povo partiu em direção ao Sinai, sendo alimentado pelo maná que Deus enviava do céu. Foi ali no Sinai que Moisés recebeu de Deus a Lei (Êxodo 20-23). Ele ficou durante quarenta dias e quarenta noites no Monte Sinai a fim de receber as tábuas de pedra contendo os dez mandamentos (Êxodo 24:12-18).
Deus também instruiu Moisés sobre como proceder na fabricação de um santuário móvel. Este serviria de local apropriado para a adoração a Deus. Deus também lhe falou sobre à instituição do sacerdócio na casa de Arão (Êxodo 25-32).
Em decorrência da incredulidade e rebeldia dos israelitas, a peregrinação pelo deserto se estendeu por quarenta anos. O resultado foi que a primeira geração que havia saído do Egito, morreu antes de entrar na Terra Prometida (Números 14:20-35).

A Morte de Moisés
Enquanto liderou o povo de Israel, Moisés enfrentou várias oposições. O povo era ingrato, e diversas vezes questionou sua autoridade (Números 16). Moisés conduziu o povo até às fronteiras da Terra Prometida, e inclusive enviou espias para investigar a terra.
No entanto, Moisés não foi autorizado a entrar nela. Ele e Arão pecaram contra Deus no episódio em que feriram uma rocha. Deus lhe havia ordenado que ele falasse com rocha para que ela desse água ao povo de Israel. Mas ele falou com ira, agiu com arrogância tomando para si o lugar e a honra de Deus e ainda agiu com violência batendo na rocha (Êxodo 20:9-11).
Depois, Moisés orou a Deus e lamentou profundamente o castigo de não poder entrar na Terra Prometida (Deuteronômio 3:24-27). Na véspera do fim de seu ministério e de sua própria vida, Moisés arrumou sua casa e se despediu do povo de Israel. Josué ficou como seu sucessor diante do povo, e entrou com Israel em Canaã.
Na ocasião de sua morte, ele subiu no Monte Nebo e pôde contemplar de longe a terra que o Senhor havia preparado ao povo de Israel. Com 120 anos, Moisés morreu e foi sepultado pelo Senhor no vale da terra de Moabe. O lugar de sua sepultura não foi conhecido (Deuteronômio 34).

A Importância de Moisés na História
Enquanto esteve liderando o povo de Israel durante quarenta anos no deserto, Moisés escreveu suas obras literárias. Ele foi o principal autor do Pentateuco, ou seja, os cinco primeiros livros do Antigo Testamento, também chamados de Torá (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Além de ter escrito os livros da Lei, Moisés também escreveu pelo menos um dos salmos, o Salmo 90.
Por ter sido um dos homens escolhidos por Deus para escrever as Escrituras, Moisés também foi um profeta que revelou e registrou as palavras de Deus ao povo sob a direção do Espírito Santo.
O escritor de Hebreus destaca a fé de Moisés ao rejeitar ser chamado de filho da filha de Faraó (Hebreus 11:24). Ele também estabelece uma comparação entre Moisés e Cristo, mostrando que Moisés foi uma figura de Cristo como mediador da Antiga Aliança. Essa Antiga Aliança apontava diretamente para o próprio Cristo, no qual encontra seu perfeito cumprimento (Hebreus 3).
Moisés foi um homem de caráter e fiel a Deus, preocupado com a honra do nome do Senhor (cf. Números 14:13). Ele ocupou uma posição muito elevada no plano divino do Antigo Testamento.
A fama de Moisés como o grande homem escolhido por Deus se estendeu desde os tempos de Josué até os tempos do Novo Testamento (Josué 8:31; 1 Reis 2:3; 2 Reis 14:6; Esdras 6:18; Marcos 12:26; Lucas 2:22; João 7:23; 2 Coríntios 3:15).
Também quando se fala sobre a história de Moisés, sempre deve ser lembrado que ele e o profeta Elias apareceram ao lado de Jesus no episódio da transfiguração. Ele foi o grande legislador de Israel, e Elias o grande profeta da nação. Naquela ocasião eles falaram da morte iminente de Jesus, apontando para o fato de que a Lei e os Profetas testificaram de Cristo.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

Miriam, Irmã de Moises


Miriam ou Miriã, foi irmã de Moisés e Arão, filha de Anrão e Joquebede. A história de Miriam está registrada na Bíblia especialmente nos livros de Êxodo e Números.
O significado do nome “Miriam” é de difícil conclusão. Alguns sugerem que seu significado em hebraico seja algo como “obstinação”. Outros entendem que o nome hebraico seja derivado do vocábulo egípcio marye, que significa “amada”.
É interessante saber que o nome “Maria” é a forma helenizada do hebraico Miriam, a qual a Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento, traduz como Mariã.

Quem Foi Miriam na Bíblia?
Miriam aparece pela primeira vez na narrativa bíblica do Antigo Testamento em Êxodo 2, embora não seja mencionada nominalmente. No entanto, é amplamente aceito que ela é a irmã de Moisés que o vigiou na ocasião em que seus pais não conseguiram mais escondê-lo em casa.
Na época, o Faraó do Egito havia ordenado que os meninos hebreus deveriam ser lançados no rio a fim de que morressem, pois o povo hebreu estava se tornando extraordinariamente forte (Êxodo 1:20).
Quando Moisés nasceu, seus pais o esconderam por três meses, e depois o colocaram no rio dentro de um cesto impermeável de junco. Se Miriam for a “irmã do menino” mencionada (Êxodo 2:7), então foi ela quem acompanhou de longe o que sucederia com Moisés.
Quando Miriam percebeu que a filha de Faraó pegou o menino, ela se aproximou e lhe perguntou se desejava que ela chamasse uma ama das hebreias para criar o menino. Quando a filha de Faraó concordou, ela buscou sua própria mãe, Joquebede.

A Profetisa Miriam
O termo “profetisa” foi empregado para se referir a Miriam na ocasião em que ela liderou as mulheres de Israel com música, danças e um poema de louvor a Deus, celebrando a travessia do Mar Vermelho, e o livramento que o Senhor concedeu aos israelitas contra os egípcios (Êxodo 15:20,21). Essa foi a primeira referência sobre seu nome na Bíblia.
A música cantada por Miriam era uma variação do cântico de Moisés no Mar Vermelho. O texto bíblico informa que Miriam respondia: “Cantai ao Senhor, porque gloriosamente triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro”.

Miriam Fica Leprosa
Miriam e Arão se rebelaram contra seu irmão Moisés, supostamente por causa de seu casamento com uma mulher cuxita, isto é, uma mulher que descendia de Cuxe, filho mais velho de Cam, filho de Noé.
Entretanto, a implicância com a esposa de Moisés não se tratava apenas de um preconceito étnico, mas na verdade escondia algo muito mais profundo e perigoso. Eles estavam afrontando a autoridade de Moisés por causa da inveja que sentiam dele. Isso fica bem claro na frase: “Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós?” (Números 12:2).
Esse comportamento invejoso de Miriam e Arão foi repreendido energicamente por Deus, justamente para preservar seu povo escolhido. Na ocasião Miriam foi tomada de lepra, e ficou “branca como a neve” (Números 12:10).
Moisés então orou a Deus por sua recuperação, e Deus atendeu a oração de Moisés. Todavia Miriam foi envergonhada ficando fora do acampamento dos israelitas por sete dias. Durante esse período o povo de Israel não continuou em sua peregrinação (Números 12:14-16).

A Morte de Miriam
A Bíblia relata que Miriam morreu quando os filhos de Israel estavam em Cades-Barneia, e ali mesmo foi sepultada (Números 20:1).
Não se sabe quantos anos ela viveu, no entanto presume-se que tenha morrido com a idade bem avançada, visto que na ocasião de sua morte os 40 anos de peregrinação pelo deserto estavam chegando ao fim, e a maioria dos israelitas que saiu do Egito com mais de 20 anos já havia falecido (Números 20:1,22-29; cf. Números 33:38).
O texto bíblico também não traz nenhuma referência sobre um possível casamento ou filhos que Miriam possa ter tido, embora uma tradição rabínica aponte que Miriam foi esposa de Calebe e mãe de Hur.
Quando se fala sobre quem foi Miriam, também é interessante saber que há outra pessoa com esse nome mencionada na Bíblia, uma descendente de Ezra e citada em 1 Crônicas 4:17.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

Miqueias, O Profeta


Miqueias foi um profeta levantado por Deus para profetizar em Judá num período importante de sua história. O profeta Miqueias também é o autor de um livro do Antigo Testamento que leva seu nome. Em seu livro estão as únicas informações acerca de quem foi Miqueias na Bíblia, embora seja citado brevemente por Jeremias (Jeremias 26:18).
O nome Miqueias significa “quem é como Jeová?”. Miqueias é um nome hebraico muito comum que pode ser soletrado de diferentes formas, como Mica e Micaías.


A história de Miqueias
O profeta Miqueias era natural de Moresete, uma cidade de Judá. Por isto ele é designado como “morastita” (Miqueias 1:1). Isso significa que Miqueias era um estrangeiro em Jerusalém. Acredita-se que Moresete ficava cerca de pouco mais de 30 quilômetros de Jerusalém.
É possível que Miqueias tenha vivido num ambiente rural, mas faltam evidências para caracterizá-lo como um homem do campo. Alguns intérpretes conjecturam que Miqueias era um fazendeiro, porém isto é apenas uma especulação com base em certos detalhes de seu livro. Seja como for, embora ele fosse natural de uma cidade do interior, Miqueias estava atento às corrupções das grandes cidades de Israel e Judá.
O profeta Miqueias foi contemporâneo do profeta Isaías. Muito provavelmente eles se conheciam, e talvez isso possa explicar a clara semelhança numa pequena parte de seus textos (Isaías 2:2-4 e Miqueias 4:1-3). Em seu livro Miqueias mostra ser um habilidoso escritor. Ele organiza e alterna temas em sua narrativa com muita rapidez e capacidade. Ele também mostra grande eloquência, coragem e autoridade ao falar.


O Ministério do Profeta Miqueias
O profeta Miqueias exerceu seu ministério durante os reinados de Jotão (742-735 a.C.), Acaz (735-715 a.C.) e Ezequias (715-735 a.C.). Ele dirigiu sua mensagem tanto ao reino do sul quanto ao reino do norte. Por isto sua profecia contempla as cidades de Jerusalém, de Judá, e Samaria, de Israel.

No tempo do ministério do profeta Miqueias havia um grande contraste social. A classe rica e poderosa oprimia e explorava os pobres que muitas vezes viviam na linha da miséria. Os grandes proprietários de terras contavam com o apoio dos políticos e religiosos corruptos de Israel para obter vantagem sobre os que nada tinham. O resultado disso é que toda a nação tornou-se moralmente corrompida (Miqueias 2:1-5; 3; 6:9-16; 17:1-7).
Alguns estudiosos sugerem que o profeta Miqueias exerceu seu ministério entre as classes mais humildes da nação, enquanto Isaías profetizava em Jerusalém. Mas é difícil delimitar sua atuação nesse sentido. A cidade de Jerusalém muitas vezes foi o centro de sua mensagem, e o profeta denunciou os mais poderosos do reino.

A Profecia do Profeta Miqueias
Foi num contexto de desigualdade e corrupção que Deus levantou o profeta Miqueias para anunciar juízo sobre Israel, conclamar o arrependimento em Judá e apontar para a esperança num tempo de crise. O profeta Miqueias trouxe palavra de juízo ao anunciar que Deus usaria a Assíria como instrumento de julgamento contra seu povo pecador.
Tal como o profeta Miqueias profetizou, os assírios marcharam contra Samaria e a destruíram em 722 a.C. (2 Reis 17:1-6). Os assírios, sob a liderança do rei Senaqueribe, também avançaram contra Judá chegando até o portão de Jerusalém (Miqueias 1:8-16). Mas durante o cerco à cidade de Jerusalém, o rei Ezequias se arrependeu e Deus teve misericórdia de seu povo, fazendo com que o exército da Assíria recuasse (Jeremias 26:18-19).
A profecia do profeta Miqueias também serviu para preparar os judeus para o exílio babilônico. O profeta falou acerca da restauração futura de um remanescente de Judá mediante a misericórdia e a graça de Deus.
Então apesar do julgamento divino por causa de seu pecado, o povo da aliança seria libertado, restaurado e abençoado. Mas o cumprimento pleno da profecia de Miqueias sobre um tempo de restauração, libertação e paz é alcançado somente em Cristo.
Miqueias profetizou que a casa de Davi seria erguida mais uma vez depois do cativeiro, e reinaria sobre o mundo inteiro, trazendo paz para o povo de Deus (Miqueias 5:1-6). Esses acontecimentos tiveram início na primeira vinda de Jesus Cristo e alcançará sua completude com seu retorno.



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Mateus, O Apóstolo Improvável


"Partindo Jesus dali, viu sentado na coletaria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu." (Mateus 9.9)
A importante Cafarnaum, na Galiléia, é apontada pela tradição como a localidade de origem desse discípulo, cujo nome verdadeiro era Levi (Marcos 2.14), sendo Mateus (ou Dom de Jeová), seu nome apostólico. As variantes Matias e Matatias, indicam que era um nome relativamente comum entre os judeus naqueles tempos.
O apóstolo Mateus era filho de Alfeu e provavelmente irmão de Tiago, o menor (conf. Lucas 6.15). Como morador de Cafarnaum, Mateus teve repetidas oportunidades de ver os sinais que Jesus operou durante o tempo em que ministrou naquela relevante cidade da Galiléia. E provável que o impacto desse testemunho tenha contribuído para sua resoluta decisão de abandonar tudo e seguir o Mestre, quando foi assim desafiado (Mateus 9.9-15).
Ao contrário de alguns outros discípulos, Mateus não havia sido seguidor de João Batista antes de sua vocação cristã e, como é de se supor pela natureza da profissão que exercia, deve ter vivido uma vida nada piedosa até então.

Uma Profissão Indigna
Como coletor de impostos, Mateus estava incumbido da cobrança de taxas tanto dos que cruzavam o Mar da Galiléia como dos que transitavam pela importante estrada de Damasco, que cortava os domínios do tetrarca Herodes Antipas, passando pelas estratégicas Cafarnaum e Betsaida Julias.
Nos tempos apostólicos, a Palestina encontrava-se direta (no caso da Judéia) ou indiretamente (no caso da Galiléia) submetida ao domínio romano.
Os impostos arrecadados por Roma eram de duas espécies: os tributos que recaíam sobre propriedades {tributum agri) ou sobre pessoas {tributum capitis), e osvectigalia, abrangendo todos os outros ingressos do Estado. O tributum capitis aparece na discussão de Mateus 22.15-22, quando Jesus é provocado pelos fariseus, com a pergunta:
"Dize-nos, pois, que te parece? É licito pagar tributo a César, ou não?"
Dentre os vectigalia interessa-nos destacar sobretudo o portorium, termo téc­nico que indica o imposto sobre o trânsito de mercadorias através do território romano, correspondente a três tipos de imposto moderno: o alfandegário, recebido na fronteira de uma província ou Estado; de consumo, recebido à entrada ou saída de uma cidade e o pedágio, ou seja, o pagamento pelo trânsito em determinados lugares como, por exemplo, em algumas estradas. O termo bíblico errone­amente traduzido por publicano geralmente se aplica aos portitores, ou seja, os cobradores do portorium.
Os verdadeiros publicanos (lat. publicanus) eram, na realidade, membros da reduzida casta oligárquica que habitava a capital imperial. Responsáveis pela arrecadação dopublicum, a renda tributária do Estado, os publicanos formavam sociedades anônimas com pomposos dividendos.
Durante o período republicano - que oficialmente durou ate' 27 a.C. - os publicanos do­minaram a arrecadação do "publicum", a renda tributaria do Estado, função esta que - deve-se anotar - foi pouco a pouco sendo absorvida pelos futuros imperadores, ávidos pela absolu­ta centralização de poder.
Formavam os publicanos uma sociedade encabeçada por um diretor, o magister societatis, representado nas províncias por um vice-diretor, o pro magistro, que, por sua vez, tinha à disposi­ção um grande número de empregados. Dentre os que lhes estavam sujeitos destacamos os submagistri (gr. arcbitelontes), os quais coordena­vam a coleta de impostos nas muitas províncias do império. Suspeita-se que Zaqueu (Lucas 19.1-10), pertencia a esta categoria. Finalmente, subordinados aos submagistri,estavam osportitores (gr. telontes), que, como dissemos, encarregavam-se da cobrança ào portorium. Sobre estes, recaía a difícil tarefa do contato com a população na coleta fiscal. Embora não passassem de subalter­nos, o povo os conhecia como publicanos. Mateus era um deles.
Mesmo em Roma, os publicanos, tanto em níveis superiores como infe­riores, eram sempre tratados com muita desconfiança, sendo constantemen­te comparados a gatunos e oportunistas. Alguns escritores romanos como Cícero, Terêncio, Tito Lívio, Suetônio e Quintiliano expressaram juízos se­veros sobre eles.
No caso de Israel a discriminação contra os submagistri eportitores chegava a patamares extremos. Como funcionários a serviço da dominação estrangeira, eram considerados traidores nacionais, apóstatas, gentios e pecadores (Mateus 18.17). Eram de tal maneira desprezados pelos judeus que nem mesmo seus dízimos e ofertas eram aceitos nas sinagogas. Os escritos rabínicos traçavam juízos duríssimos contra eles, por considerá-los não apenas impuros, mas transmisso­res de impureza por sua mera presença. No dizer do teólogo italiano Giovanni Canfora, essa lógica obedecia um raciocínio muito simples.
"Enquanto cobradores, os publicanos eram os agentes da dominação es­trangeira, isto é, dos pagãos; e por estes serem impuros, impuros eram também os publicanos."
Nas Escrituras, especificamente no Novo Testamento, os cobradores de impostos são freqüentemente associados a pecadores (Mateus 9.10-13), meretrizes (Mateus 2131-32) e pagãos (Mateus 18.15-17).
A questão do pagamento de impostos assumira proporções nacionais em Israel (conf. Mateus 17.24-27). Era a própria evidência da opressão estrangeira; uma ferida aberta no seio do sentimento cívico do povo judeu, no qual causava a mais profunda indignação, tornando-se a centelha de ignição de insurreições nacionalistas que culminaram no surgimento de movimentos radicais como o dos Zelotes e Gaulanitas.Teudas e Judas, o Galileu (Atos 5-36) são alguns exemplos do tipo de sentimento que esta prática dominadora provocou entre os judeus.
Diante de semelhante panorama, não é difícil entender porque os fariseus e doutores da Lei se mostravam profundamente escandalizados com Jesus e seus discípulos, ao vê-los em companhia de Mateus e seus camaradas (Lucas 5-30).
"Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas (...) perguntando: Por que corneis e bebeis com publicanos e pecadores?"
Mateus, como de resto todo cobrador de impostos, pela corrupção com que estava acostumado mediante freqüente recebimento de propinas e extorsões, de­via ser um homem abastado. A festa dada por ele a Jesus e seus companheiros (Mateus 9.11-12) sugere alguém cujas posses o elevavam consideravelmente acima da média da população local. Dentro dessa perspectiva, as parábolas da pérola de grande preço e do tesouro escondido (Mateus 13.44-46), só por ele registradas, talvez reflitam parte de seu próprio testemunho de conversão.
Sua humildade e simplicidade como cristão podem ser percebidas em pequenos detalhes, se compararmos as narrativas dos evangelhos sinópticos. E, por exemplo, o único que, nas listas apostólicas, se apresenta como "Mateus, o publicano" (Mateus 10.3), enquanto os outros evangelistas suprimem este adjetivo, por demais degradante. Por outro lado, é em Lucas e não em Mateus que tomamos conhecimento que ele "deixou tudo" para seguir após seu Mestre e que "lhe ofereceu um grande banquete em sua casa" ( Mateus 9.9-10 com Lucas 5: 27-29).
No que tange à capacitação pessoal, Mateus deve ter sido o mais instruído de todos os discípulos. Além de hábil escritor, como coletor de impostos certamente possuía razoável conhecimento nas áreas de matemática e contabilidade. Considerando-se a região onde exercia seu ofício, Mateus com cer­teza dominava o grego, o latim e o aramaico. A notoriedade alcançada por seu evangelho foi ressaltada por eminentes autores patrísticos como, por exem­plo, Jerônimo {Os Pais Nicenos e Pós-Nicenos, p. 362).
"Mateus, também chamado Levi, apóstolo e ex-publicano, compôs um evangelho de Cristo, a princípio escrito na Judéia em Hebraico (aramaico), visando os que creram, dentre os da circuncisão. Esta obra, no entanto, foi mais tarde traduzida para o grego, embora não nos seja conhecido seu autor. A versão em hebraico foi preservada até o dia de hoje na Biblioteca de Cesaréia, cuja coleção foi tão diligentemente reunida por Panfílio."

Mateus Visto Pelas Lendas da Tradição Cristã
A última menção que temos do evangelista no Novo Testamento en­contra-se em Atos 1.13, em que participou da vigília que antecedeu ao Pentecostes. Segundo o testemunho de Clemente de Alexandria, acredita-se que Mateus tenha permanecido na Judéia por pelo menos mais quinze anos após a ascensão de Cristo, testemunhando do Senhor aos seus compatriotas que, na época, ainda eram maioria na Igreja. O mesmo autor alexandrino ainda nos informa que o apóstolo era dedicadamente vegetariano, restringindo suas refeições a sementes e nozes.
Embora Irineu afirme que Mateus dedicou-se ao ministério entre os judeus, não nos informa se esse exercício limitou-se aos termos da Palestina ou se es­tendeu-se aos judeus da disper­são, espalhados por quase todo o mundo ocidental.
Dentre todas as narrativas tra­dicionais ligadas ao apostolado de Mateus, talvez nenhuma sobre­puje em fantasia e imaginação à encontrada no apócrifo Atos de André e Mateus, assim referido por William Barclay, em seu The Master’s Men (p. 66-68).
"O apócrifo Atos de André e Mateus que, mais tarde, foi traduzido para a língua anglo-saxã, descreve o envio de Mateus aos antropófagos, os quais teriam arrancado seus olhos e o lançado numa prisão por 30 dias para, ao cabo deles, o devorarem. Porém, aconteceu que, ao vigésimo sétimo dia, o apóstolo foi resgatado por André que ali chegara após escapar miraculosamente de uma tempestade marítima.
Mateus, então, teria retornado aos antropófagos e operado milagres entre eles, suscitando o ciúme do rei. Assim, tomaram-no novamente e, cobrindo-o com papiro embebido em óleo de golfinho, derramaram sobre ele betume e enxofre, cercando-o com estopa e madeira, numa fogueira rodeada por doze imagens de deuses nativos. Contudo, o fogo ateado tornou-se em orvalho e as chamas que restaram voaram na di­reção dos ídolos metálicos, derretendo-os todos. Finalmente, o fogo tomou a forma de um dragão que perseguiu o rei até o interior de seu palácio, envolvendo-o de tal maneira que não podia se mover. Mateus, então, repreendendo o fogo, orou e ali mesmo expirou. O rei conver­teu-se, vindo a tornar-se sacerdote, e o apóstolo partiu ao Céu em com­panhia de dois anjos."
Existem diversos relatos que vinculam o ministério de Mateus a lugares como Pérsia, Partia, Macedônia e Etiópia. Conquanto não se possa precisar a localização geográfica da referida Etiópia, é justamente esta região o ponto de convergência de grande parte das narrativas que tratam das missões evangelísticas de Mateus. Sócrates em sua História Eclesiástica (I, 19) afirma que essa região foi o próprio centro de seus esforços na difusão do Evange­lho. O tradicional Perfetto Legendário confirma essa tradição ao mencionar a incrível campanha missionária empreendida por Mateus no Egito e na Etiópia. Ali, honrosamente recebido na casa do eunuco batizado por Filipe (Atos 8.27-39), o apóstolo teria enfrentado dois feiticeiros locais que mantinham a po­pulação em submissão, afligindo-a com estranhas enfermidades deflagradas a partir de seus encantamentos. Desafiando-os para um confronto espiritual, Mateus os derrotou, libertando o povo da terrível opressão e disseminando rapidamente a fé cristã naquela região.
Bem alicerçadas ou não, o fato é que as lendas sobre a remota cristianização da Etiópia atravessaram toda a Idade Média. No séc. XII, o bispo Otto de Freising, escreveu sobre a coragem de um lendário rei cristão da Etiópia, Presto João (ou Presbítero João), e suas lutas vitoriosas contra os muçulma­nos. Com o recrudescimento das cruzadas, as narrativas sobre esse persona­gem imaginário foram sendo cada vez mais incrementadas. Na segunda metade do séc. XV, no raiar dos grandes descobrimentos marítimos, o navegador português Afonso de Paiva foi incumbido pelo rei de Portugal de penetrar no norte da África à procura do lendário soberano, com quem os portugueses nutriam a esperança de se associar na reconquista de Jerusalém. Paiva faleceu no Egito sem atingir seu objetivo; entretanto, seu amigo de aventuras Pero de Covilhã, ao voltar de sua epopéia marítima até a índia, retomou a missão e atingiu a Etiópia em 1493, encontrando ali um rei cristão de nome Alexan­dre, além de grande número de cristãos coptas. Embora a descoberta tenha incentivando as missões católicas portuguesas para a Etiópia ao longo do sécu­lo seguinte, o estado miserável em que se encontravam os fiéis etíopes enterrou definitivamente a lenda sobre Presto João.
Outros relatos contam que Mateus teria ressuscitado, no Egito, o filho do rei e operado a cura de sua filha leprosa. Esta princesa, de nome Efigênia, tornou-se a dirigente de uma comunidade de virgens dedicadas ao serviço divino. Se este relato for preciso, podemos estar diante de uma das mais antigas menções de monasticismo comunal feminino de que temos notícia.
São muito freqüentes as lendas que retratam Mateus evangelizando reis, príncipes e outras autoridades políticas. E possível que sua formação cultu­ral, assim como sua experiência burocrática, o tenham capacitado para a anunciação da mensagem do evan­gelho entre os cidadãos de proeminência daquela época.

A Morte de Mateus
Embora os registros de Heracleon e Clemente de Alexandria afirmem que Mateus expirou em idade avan­çada, de morte natural, são muitas as narrativas que apontam para um fim de carreira coroado por um doloroso martírio. Anna Jamerson em seu Sacred and Legendary Art (p. 142-3), resume assim o assunto.
"São Mateus permaneceu vinte e três anos no Egito e Etiópia. Diz-se que teria perecido no nonagésimo ano da era cristã, sob o reinado de Domiciano, não se sa­bendo ao certo quais as Circunstâncias que envolveram sua morte. De acordo com lendas gregas Mateus teria morrido pacificamente, embora a tradição da Igreja Orien­tal diga que o apóstolo sofreu martírio, por lança ou por espada."
O Dr. Edward Goodspeed em seu livro Mathew, Apostle and Evangelist explica que, com o decorrer dos séculos, as lendas acabaram confundindo as narrativas a respeito do apóstolo e de Matias, o personagem de Atos. Segundo Goodspeed, a semelhança entre os nomes no hebraico compro­meteu seriamente qualquer tentativa atual de se precisar o verdadeiro fim do ex-coletor de impostos.
Não obstante, existem outros escritos que conectam a execução de Mateus ao Sinédrio de Alexandria, um corpo de anciãos que representava os inte­resses da classe judaica naquela cidade egípcia. Acredita-se que um certo Mathai", julgado e condenado à pena capital por essa instituição durante a segunda metade do primeiro século seja, na realidade, o apóstolo Mateus. Tal possibilidade deve ser considerada, já que Mateus, por essa época - de acordo com várias tradições — exercia seu ministério no Egito, após longa jornada missionária na Etiópia.
As narrativas tradicionais que localizam a morte de Mateus na Etiópia também são numerosas e não podem ser desprezadas. Entretanto, se to­marmos esse caminho, teremos de enfrentar, novamente, a difícil tarefa de identificar um termo cuja precisão geográfica nos é totalmente incerta na atualidade. Chamava-se Etiópia a várias regiões da Antigüidade. A Etiópia africana nos é conhecida por ainda hoje designar, basicamente, a mesma região referida na Antigüidade; entretanto, havia uma certa Etiópia Asiáti­ca, localizada ao sul do Mar Cáspio, próxima do reino dos partos e corredor de muitas rotas comerciais. Levando-se em conta as lendas acerca do Evan­gelho de Mateus em hebraico achado na índia e os registros — como o de Ambrósio, por exemplo - acerca do ministério de Mateus na vizinha Pérsia, é bem possível que a Etiópia enfocada nas narrativas tradicionais seja uma alusão a essa região asiática que, assim, figuraria entre os prováveis sítios do martírio de Mateus.

Os Restos Mortais de Mateus
A tradição católico-romana identifica um monge de nome Atanasias como o descobridor das relíquias de Mateus. Ele as teria entregue a João, bispo de Paestum que, posteriormente, as conduziu a Salerno, na Itália, em 1054 A.D. Nessa milenar cidade italiana erigiu-se, logo após sua conquista em 1076 A.D., uma catedral com o propósito de abrigar os supostos restos mortais do apóstolo. A consagração do santuário foi realizada em 1084 e, conquanto tenha sido construído a partir da tumba do apóstolo Mateus, o edifício foi dedicado à Virgem Maria.
Arturo Carucci, autor do guia do museu arqueológico da Catedral de Salerno nos dá maiores detalhes sobre o que se crê ser o local de repouso de Mateus.
"Um afresco, ao lado do balcão central, mostra João, bispo de Paestum, recebendo Atanasias, o monge que encontrara os restos de Mateus. Em um outro vemos Gisolfo I ordenando ao abade João que busque o corpo do evangelista em Capaccio e o traga a Salerno. Acima das poltronas do coral há uma lembrança do traslado dos restos mortais de São Mateus. Nela podemos ver retratada a procissão que acompanhou o envio do corpo do apóstolo até a Igreja.
No centro da cripta está a tumba de São Mateus, com cerca de dois metros de profundidade, encimada por um rico altar de duas frentes, feito em mármore e coberto por uma ampla abóbada em forma de guarda-chuva, finamente adornada, a qual encerra duas estátuas de bronze re­presentando o evangelista, uma para cada frente do altar. Ambas foram obra de Michelângelo Naccarino, em 1606."
Mensurar a contribuição que esse ex-coletor de impostos conferiu à cau­sa do evangelho é tarefa quase impossível. Desprezado por seus compatrio­tas - especialmente pelos líderes religiosos - em função de seu ofício, Mateus rendeu-se incondicionalmente ao evangelho deixando para trás, como vi­mos, uma vida bem mais confortável que a média de seus contemporâneos galileus. A convivência pacífica ao lado de radicais como Simão Zelote, o discípulo cujo passado fora marcado por uma ideologia diametralmente oposta à sua, evidencia a restauração que se processou no coração do futuro evangelista.
Por fim, seu ardor missionário, bem destacado pela tradição, o constran­geu a despojar-se de seus próprios interesses e lançar-se mundo afora, con­duzindo a mensagem de Cristo diante de situações freqüentemente hostis. O texto canônico denominado O Evangelho Segundo Mateus constitui sua única obra literária preservada pelo tempo. Esse documento, embora tão precioso para a Igreja ao longo dos séculos, não representa senão uma fração dos memoráveis feitos que o apóstolo empreendeu em prol dAquele que o resgatou das trevas para a Sua gloriosa luz.
O Dr. McBirnie en­cerra de maneira hon­rosa sua biografia sobre o evangelista(op. cit., p.182):
"Mateus foi, por cer­to, um talentoso es­critor e um ardoroso discípulo, dotado, provavelmente, do melhor preparo intelectual dentre os doze. Sua formação o equipou devidamente para testemunhar àqueles que ocupavam posições de autoridade e o tornou um vaso escolhido para escrever o Evangelho que leva seu nome."



Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre