Separado Para Deus

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Jeremias: O Profeta da Esperança


Jeremias (do hebraico ???????????, Yirmeyahu: – Yah exalta) é o nome de nove personagens do Tanakh (???? – uma sigla utilizada dentro do judaísmo para denominar seu conjunto principal de livros sagrados, sendo o mais próximo do que se pode chamar de uma Bíblia Judaica. O conteúdo do Tanakh é equivalente ao Antigo Testamento, porém,com outra divisão).
Jeremias foi um crítico da conduta do seu povo e com os julgamentos que este sofreu, mediante uma visão de que Israel era a nação de Deus, vinculada a Ele por meio de um pacto e sujeita à sua Lei, o que eles violavam claramente naqueles dias praticando a idolatria, desrespeitando o descanso no dia do sábado e não libertando os escravos no Ano do Jubileu.
As denúncias de Jeremias reivindicavam a atenção dos príncipes e do povo, para que fossem responsáveis pela Lei, a qual violavam constantemente. Suas críticas eram feitas em discursos acalorados em plena praça pública e dirigidos à classe dominante – os sacerdotes, profetas, governantes e a todos aqueles que seguiam o legalismo do “proceder popular”.

A Origem Sacerdotal do Profeta Jeremias
Jeremias iniciou seu ministério no reinado de Josias,um rei bom que fez com que o Senhor adiasse temporariamente o juízo prometido em castigo aos desmandos de Manassés. Nasceu em Anatote, atual Anata, aldeia 6 km a nordeste de Jerusalém (mesmo lugar onde foi exilado , por Salomão, o sacerdote Abiatar- (1 Reis 2.26-27), entre 650 e 640 a.C. Era filho do sacerdote Helcias, da casa de Eli. Talvez descendesse de Abiatar (o que foi exilado por Salomão), chefe dos levitas em Jerusalém na época do rei Davi. Jeremias é um dos nove personagens chamados por este nome encontrados no Tanakh.

História segundo a tradição:
O pai de Jeremias, Hilquias, não era o sumo sacerdote que levava este nome, da linhagem de Eleazar, provavelmente era da linhagem de Itamar e possivelmente descendeu de Abiatar, o sacerdote que o Rei Salomão despediu do serviço sacerdotal. (1 Reis 2:26, 27).
Teria sido chamado a ser profeta quando era rapaz, em 647 a.C., no 13º ano do reinado do rei Josias, de Judá (659-629 a.C.). Demonstrou receio ao assumir tal tarefa. Jeremias era pesquisador e historiador, além de profeta. Seu ministério continuou até pouco tempo depois da queda de Jerusalém em 586 a.C. Jeremias exerceu seu ministério profético durante um dos períodos mais críticos da história do povo de Deus.

A Vocação de Jeremias
O jovem Jeremias. Deus mostra a sua soberania pelo fato de ter formado, separado e dado Jeremias para ser Seu profeta e porta-voz quando este ainda era moço. Não há indícios de que fosse criança, a expressão usada (sou uma criança), semelhante a Moisés, alega incapacidade e inexperiência, não devemos entendê-la literalmente – referindo-se à idade do profeta. A seqüência da perícope nos leva a entender que Jeremias tentou esquivar-se de sua vocação, mas Yaweh promete-lhe apoio e Sua presença (eu sou contigo) para superar a alegada deficiência do profeta.
O chamamento de Jeremias. “conhecer”, da parte do Senhor equivale a escolher e predestinar (Amós 3,2), “Consagrar” indica mais separação para o ministério profético do que santificação interior. Profetizou durante um período de quarenta anos, até o exílio babilônico do povo de Judá. Durante esse período, a palavra do Senhor veio a ele por repetidas vezes. Quando Deus chama alguém para um trabalho especial, Ele capacita para isso. A exemplo do profeta, nós costumamos também listar problemas, deficiências, fraquezas e limitações. Resta-nos entender que Deus não nos chama para um trabalho sem que nos capacite e nos ajude na execução dele. ‘A vida pessoal desse profeta é mais conhecida do que a de qualquer outro profeta porque ele nos deixou muitas marcas de seus pensamentos, preocupações e frustrações’ (Introdução ao Livro de Jeremias, Bíblia de Estudo Plenitude – SBB). 
A incapacidade de Jeremias. Querer recusar sua vocação parece um ato de falta de fé daquele profeta, mas quando nos aprofundamos nos seus pensamentos, preocupações e perturbações, nos apercebemos de quão pesada foi a sua carga. Jeremias recebeu a ordem de não se casar ou ter filhos para ilustrar a sua mensagem: o extermínio da próxima geração. Tinha poucos amigos, seu mais chegado amigo foi o seu escriba Baruque e ao que parece, são qualificados como amigos apenas Aicão e seu filho Gedalias e Ebede-Meleque, isso pelo peso de sua mensagem de ruína e possível conselho à rendição aos babilônios. Seu ministério aconteceu num dos períodos mais conturbados da história de Israel, enfrentou a elite governante pregou contra a esperança do povo. É razoável seu medo em assumir sua vocação tendo alegado ser incapaz. Jeremias recebeu da parte do Senhor uma grande missão: profetizar às nações.

O Estado Civil de Jeremias
Próximo à idade de se casar, Deus proibiu Jeremias de fazê-lo (Jeremias 16.1-4). Por qual motivo o Senhor determinou ao profeta que não casasse e gerasse filhos? Jeremias não é proibido tão somente de tomar esposa para si mas também de participar de qualquer outra atividade normal, como um sinal do julgamento vindouro: não gerar filhos era o sinal de que não havia futuro imediato para Judá. 

A Postura Profética de Jeremias 
No tempo de Josias,10 período de sua atuação, Jeremias proclamou um julgamento contra Israel por causa de sua infidelidade a Yahweh e sua adesão a outros deuses, especialmente os deuses que garantiam a fertilidade da natureza, os chamados baalim. Conta-nos Jeremias 26.1-24 que Jeremias quase morre por fazer tal denúncia. Aos olhos dos sacerdotes e profetas, Jeremias cometera duas blasfêmias: falara em nome de Yahweh e falara contra a casa de Yahweh. Perante o tribunal a que é levado, ele, porém, confirma suas palavras e só não morre porque alguém se lembrou do profeta Miquéias, que, um século antes, pregara destino parecido para o Templo e para a cidade e nada sofrera. Em inflamados discursos em praça pública, denuncia o governo de Joaquim como ganancioso, assassino e violento (Jeremias 22.13-19), um dos mais duros oráculos proféticos já pronunciados contra um rei. Jeremias compara Joaquim ao seu pai Josias e denuncia o rei como contrário a Yahweh, pois não cumpre sua função real de exercer a justiça e o direito e de proteger os mais fracos. No começo de seu governo, Joaquim preocupa-se em construir um novo palácio – ou um anexo ao antigo – exatamente no momento em que a crise econômica se agravava. Dependente do Egito, a quem pagava tributo, colocou a população para trabalhar de graça na construção. Jeremias vai dizer ao rei que ele, quando morrer, nem merece ser sepultado, mas como um jumento deverá ser jogado para fora das muralhas de Jerusalém, pois, ao contrário de seu pai, Joaquim “não conhece Yahweh”. Foi proibido de adentrar ao Templo porque, segundo Jeremias 19.14-20.6, possivelmente por volta de 605 a.C., quando Nabucodonosor venceu o faraó Neco II e ameaçou Judá, o profeta foi ao pátio do Templo e anunciou a destruição de Jerusalém. Acabou preso por Fassur, chefe da guarda do Templo, surrado e colocado no tronco por uma noite. Depois disso, foi-lhe proibida, segundo Jeremias 36.5, a entrada no Templo. Sem poder ir até o povo, convoca o escriba Baruque e dita-lhe os oráculos de julgamento contra a nação. Este episódio da primeira escrita do livro, narrado em Jeremias 36.1-32, aconteceu no quarto ano do governo de Joaquim,em 605 a.C. No ano seguinte, em dezembro de 604 a.C. Jeremias manda Baruque ler o rolo no Templo. O momento é dramático: Nabucodonosor atacava, então, a cidade filistéia de Ascalon, vizinha de Judá. Por isso, talvez, Jeremias, tenha acreditado ter soado a hora da verdade para Judá. O “inimigo do norte” está às portas. Ou conversão ou destruição, alerta o profeta. Os profetas da época não compartilhavam dos mesmos pensamentos. Acreditam alguns especialistas que talvez o fato mais desorientador para Jeremias nesta época era a análise errada da situação feita por pessoas que se apresentavam para falar em nome de Yahweh como seus profetas. Por isso, em Jeremias 14.13-16 e Jeremias 23.13-40 podemos ver como Jeremias luta para desmascarar os pseudo-profetas que, falando em seu próprio interesse, “fortalecem as mãos dos perversos, para que ninguém se converta de sua maldade”, que seduzem o povo com suas mentiras e seus enganos, roubando um do outro a palavra de Yahweh. Jeremias conclui que dos profetas de Jerusalém saiu a impiedade para todo o país. Jeremias não era populista nem popular; não era obcecado por índices de aceitação. Seu objetivo era agradar ao Senhor.

Aplicação Pessoal
A narrativa a respeito de Jeremias apresenta o retrato de um grande homem de Deus. Contudo, não foi nenhum super-homem nem representou o ideal estóico de alguém que permitia que os embates da vida o fustigassem sem afetá-lo. Ao contrário, Jeremias foi uma pessoa real, de personalidade complexa, que não obstante, permaneceu fiel ao seu chamado e ao seu Senhor. Jeremias foi um profeta admirável. A sua coragem ante a pergunta do mau rei Zedequias (Há uma palavra do Senhor?) é exemplar. Quem hoje, ousaria e seria fiel a Deus, a ponto de dizer ao rei: “Serás entregue na mão do rei de Babilônia”? Mesmo sabendo que seria lançado outra vez no calabouço (Jeremias 37).
Ele experimentou medo e desespero, alegria e louvor. Chamado de ‘profeta chorão’, sofreu com o pecado de Judá e com o juízo determinado por Yaweh. Em sua época, nenhum dos profetas o acompanharam. Acreditam alguns especialistas que talvez o fato mais desorientador para Jeremias era a análise errada da situação feita por pessoas que se apresentavam para falar em nome de Yaweh como seus profetas. (Que coincidência com a época atual!). Por isso, em Jeremias 14.13-16 e Jeremias 23.13-40 podemos ver como Jeremias luta para desmascarar os pseudo-profetas que, falando em seu próprio interesse (hum….), “fortalecem as mãos dos perversos, para que ninguém se converta de sua maldade”, que seduzem o povo com suas mentiras e seus enganos, roubando um do outro a palavra de Yaweh. Jeremias facilmente conclui que a decadência espiritual de Judá tem sua origem nos pseudo-profetas. De fraco a forte, de inexperiente a intrépido pregador, que mudança radical! Deus tem um chamado para cada um de nós, Ele espera que aceitemos sem temor nossa nomeação de porta-vozes d’Ele e anunciemos: “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). O jovem profeta de Anatote, chamado para o ministério por meio de uma visão, ainda em sua mocidade – talvez aos 24 anos – sem experiência para falar aos homens de Deus, teve seus lábios ungidos para falar às gentes e aos reinos para arrancar e destruir, para arruinar e dissipar, e para edificar e plantar. As hostilidades que começaram em Anatote, generalizaram-se por todo o reino – Estado e Nação (Cap. 18.18-23). Até mesmo seus amigos íntimos armavam ciladas, para que pudessem acusá-lo de traição. Não obstante, manteve-se fiel ao seu chamado e prosseguiu denunciando a corrupção generalizada e o descompromisso da classe sacerdotal para com Yaweh. Serve-nos de exemplo denodado, como o profeta, não podemos permanecer calados anti os desmandos da atualidade.
Fica fácil compreendermos a hesitação de Jeremias em aceitar sua vocação. Seu ministério aconteceu em uma época conturbada no mundo de então, com as superpotências Egito e Babilônia disputando o poder mundial. O pano de fundo para seu ministério foi o fracasso da reforma impetrada por Josias na tentativa de provocar um grande impacto na vida do povo, plano que sucumbiu mediante a retomada dos maléficos atos de Manassés por seus sucessores. Jeremias foi chamado e capacitado para uma tarefa árdua, seu titubear não foi causa para o Senhor passar dele essa missão, mas comprovou não apenas ao profeta, mas a todos nós, que o Senhor quando chama, ele dá as ferramentas e a capacidade para desempenhar o papel recebido. Vocacionado, capacitado e enviado por Deus: em Sua soberania Deus chama mesmo antes de nascer e não há como fugir, Ele prepara tudo e supre as necessidades para a jornada. Não obstante, temos contemplado alguns hoje que ‘constroem’ a sua própria chamada através dos conchavos políticos, apadrinhamentos e amizades, contudo, seus ‘ministérios’ não estão alicerçados na Rocha e servem apenas para constrangimento da Obra e impõem sofrimentos ao rebanho e escândalo ao redil. Nossa oração ao Senhor deve ser em busca da Sua misericórdia, suplicar para que sejam levantados muitos ‘Jeremias’ em nossa geração, líderes corajosos e intrépidos no combate à promiscuidade espiritual de nossos dias, ainda que chorando, para o bem do evangelho em nossa pátria!
Cada um de nós deve permanecer no seu chamado, na sua vocação. Politicamente, como vimos o profeta perdeu, mas espiritualmente obteve retumbante vitória. Não devemos temer os pseudo-profetas da atualidade, mas como Jeremias, coloquemos nossa confiança em Deus para ir adiante de nós, sosseguemos os nossos medos e usemos o poder de Deus para tornar nossas limitações em possibilidades ilimitadas. PENSE NISSO!




Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.

Neander Silvestre

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