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Malaquias é o último profeta menor no Velho Testamento. Profeta menor quer dizer que é um profeta baixinho? Que nada, pessoal. Não tem a ver com a estatura do homem, mas com o tamanho do Livro que ele escreveu. O Livro de Malaquias, por exemplo, só tem quatro capítulos, por isso a denominação de profeta menor.
Pois bem. Malaquias significa “Mensageiro de Deus”, um belo nome para um profeta e Malaquias foi o homem que Deus usou para falar a Seu povo depois do cativeiro em Babilônia. Não há muitas referências históricas a seu respeito, porque o Livro de Malaquias não faz menção a nenhum rei, ou episódio histórico que facilite a identificação do período de suas profecias.
Malaquias foi um profeta levantado por Deus para profetizar em Judá no período pós-exílico. Na verdade existe muito debate entre os estudiosos sobre quem foi Malaquias pelo simples fato de não existir qualquer informação pessoal sobre ele.
Além disso, o significado de seu nome é o que gera ainda mais dúvidas. Malaquias significa “meu mensageiro” ou “meu anjo”, do hebraico mal’aki. Com base nesse significado, muitos eruditos entendem que o nome Malaquias não se trata de um nome próprio, mas de um termo apelativo.
Essa discussão é tão antiga que a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, traduz esse termo hebraico literalmente como “mensageiro”. Assim, em Malaquias 1:1, a Septuaginta traduz a frase “por intermédio de Malaquias” como sendo “por intermédio de seu anjo (mensageiro)”.
Já o Targum aramaico sugere que Malaquias é na verdade um pseudônimo para Esdras, enquanto outras tradições conjecturam que esse nome não precisa ser, necessariamente, um pseudônimo para Esdras, mas pode ter servido para qualquer judeu anônimo que viveu naquele período após o cativeiro babilônico.
No entanto, apesar de não sabermos muita coisa sobre quem foi Malaquias, as teorias que tentam supor que seu nome não é um nome pessoal, são enfraquecidas pelo fato de que em todos os outros livros proféticos um nome próprio sempre é mencionado.
A fim de tentar trazer pelo menos alguma informação sobre a biografia de Malaquias, algumas tradições rabínicas antigas sugerem que Malaquias provavelmente fosse da tribo de Zebulom, enquanto outros, considerando o zelo com o culto a Deus que o profeta demonstra em seu livro, sugerem que talvez ele tenha sido um levita.
O Ministério do Profeta Malaquias
Da mesma forma com que é difícil saber em detalhes quem foi Malaquias, também é bem difícil datar com exatidão o período de seu ministério profético. O que se sabe é que o profeta Malaquias viveu no tempo de Esdras e Neemias, e seu ministério ocorreu em algum momento entre 458 e 433 a.C.
Alguns detalhes no livro que traz seu nome nos ajudam a entender o período em que o profeta Malaquias viveu. Em sua profecia ele enfatiza a Lei (Malaquias 4:4), o que naturalmente nos faz lembrar-se do empenho de Esdras na restauração da autoridade da Lei (Esdras 7:14,25,26; Neemias 8:18).
Assim como Esdras e Neemias, o profeta Malaquias também falou contra o casamento com mulheres estrangeiras (Malaquias 2:11-15; cf. Neemias 13:23-27), combateu a negligência sobre o dízimo (Malaquias 3:8-10; Neemias 13:10-14), criticou severamente as práticas reprováveis de um sacerdócio corrompido (Malaquias 1:6-2:9; Neemias 13:7,8) e repreendeu o povo pelos pecados sociais praticados (Malaquias 3:5; Neemias 5:1-13).
Todos esses detalhes nos mostram claramente que o profeta Malaquias enfrentou os mesmos problemas que Esdras e Neemias, ou seja, nitidamente eles foram contemporâneos. No entanto, a diferença fundamental entre eles é que Esdras e Neemias combateram esses problemas essencialmente implantando uma reforma, enquanto o profeta Malaquias confrontou o povo com profecias vindas diretamente do Senhor. Sob esse aspecto, é bem possível que o ministério do profeta Malaquias serviu de apoio aos programas de reforma liderados por Esdras e Neemias.
Alguns estudiosos levantam a possibilidade do ministério do profeta Ageu ter sido posterior ao ministério do profeta Malaquias, porém a posição mais provável e amplamente aceita é a de que o profeta Malaquias realmente foi o último dos profetas menores do Antigo Testamento.
O profeta Malaquias denunciou o estado de corrupção pelo pecado em que o povo de Israel se encontrava.Naquela época o povo estava desanimado, tomado pela desilusão e com muitas dúvidas, pois acreditavam que as promessas de Deus que diziam respeito à restauração após o cativeiro babilônico não haviam se cumprido.
Além dessa angustia, Judá ainda estava sob o domínio de uma nação estrangeira, os persas, e uma pesada carga de impostos era cobrada do povo, o que acabava gerando muita pobreza e problemas financeiros, como também a hostilidade das nações vizinhas.
Esse cenário fez com que o povo deixasse de lado o zelo pela obra do Senhor, e o culto a Deus acabou prejudicado. Isso fica claro durante a mensagem do profeta Malaquias registrada em seu livro, onde percebemos que o povo oferecia as sobras ao Senhor, ao invés de oferecer o que tinham de melhor.
O profeta Malaquias então falou sobre a realidade do amor de Deus (Malaquias 1:1-5), denunciou a infidelidade de Israel (Malaquias 1:6-2:16) e exortou sobre a certeza da justiça de Deus que julgará adequadamente o justo e o ímpio (Malaquias 2:17-4:6).
A mensagem do profeta Malaquias também aponta diretamente para Cristo, no sentido de que por mais que o povo estivesse desanimado, Deus enviaria o Messias para purificar seu povo.
O profeta falou sobre a obra de um mensageiro que seria precedido pelo profeta Elias (Malaquias 3:1,2; 4:5), e o Novo Testamento revela que Jesus é esse mensageiro, bem como João Batista foi aquele que o precedeu, desempenhando seu ministério no “espírito e poder de Elias” (Mateus 11:14; 17:10-12; Lucas 1:17).
Malaquias também profetizou que o culto a Deus se espalharia por todas as nações (Malaquias 1:11), uma profecia que começou a ser cumprida no ministério de Jesus e de seus apóstolos, onde a salvação foi anunciada às nações gentílicas de uma forma sem precedentes através da pregação do Evangelho (Atos 10:9-48; Efésios 2:11-13).
Tiago, em sua epístola, fez referência sobre o chamado ao arrependimento do profeta Malaquias que dizia: “tornai-vos mim, e eu me tornarei a vós”; e o aplicou em sua exportação sobre a conduta dos cristãos ao escrever: “chegai-vos a Deus, e Ele se achegará a vós” (Tiago 4:8; cf. Malaquias 3:7).
Assim, o grande objetivo da mensagem do profeta Malaquias foi convocar o povo ao arrependimento, falando sobre a importância de uma fé renovada no cumprimento da promessa sobre a vinda do Messias que julgaria ímpios e justos.
Se por um lado não sabemos muito sobre quem foi Malaquias, por outro sabemos com toda certeza que sua mensagem foi urgente e inspirada por Deus, a ponto de romper as barreiras do tempo e ser especialmente relevante para a Igreja Cristã da atualidade, onde muitos infelizmente perderam o zelo pelo culto a Deus.
Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.
Neander Silvestre
Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.
Neander Silvestre
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