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Judas Iscariotes foi o discípulo que traiu Jesus.
Ele pertenceu ao grupo dos doze discípulos que Jesus chamou para acompanhá-lo,
e seu nome sempre aparece em último lugar nas listas que trazem os nomes dos
apóstolos.
Ele também é frequentemente mencionado na narrativa
bíblica dos Evangelhos, às vezes apenas como “Judas”, mas geralmente seu nome é
acompanhado com alguma descrição que o distingue dos demais. Por exemplo: ele é
chamado de “Judas, que o traiu”, “Judas Iscariotes, filho de Simão”, Judas
filho de Simão Iscariotes, ou apenas “o traidor” (Mateus 26:14,25,47; 27:3;
Marcos 14:10,43; Lucas 22:3,47,48; João 6:71; 12:4; 13:2,26-29; 18:2-5).
A História de Judas
Iscariotes
Judas Iscariotes era filho de um homem chamado
Simão (João 6:71; 13:2,26). Seu local de origem passa pela discussão acerca do
significado da palavra “Iscariotes”. Provavelmente essa palavra seja derivada
do termo hebraico ‘ish Queriyot, que significa “homem
de Quiriote”, visto que em certos manuscritos do Evangelho de João aparecem as
palavras apo Karyotou.
Se o significado de Iscariotes for realmente este,
o que é muito possível, então encontramos a informação sobre o local de origem
de Judas. O Antigo Testamento menciona dois locais com o nome de Quiriote. O
primeiro era localizado em Moabe (Jeremias 48:24,41; Amós 2:2). Já o segundo,
Quriote-Hezrom, ficava localizado aproximadamente ao sul de Hebrom (Josué
15:25).
Há também quem defenda que Iscariotes não seja uma
indicação de seu lugar de origem, mas um tipo de designação infame para
identificá-lo. Para isso, alguns estudiosos sugerem que essa palavra tenha
origem num termo que significa “um assassino”, e, portanto, a interpretam no
sentido de “o homem da adaga”.
Contudo, essa última interpretação é bem pouco
provável. Normalmente é aceito que a designação “Judas Iscariotes” signifique
simplesmente “Judas, o homem de Quiriote”.
Judas Iscariotes Era Um
dos Doze Apóstolos
Judas Iscariotes servia como tesoureiro no grupo
apostólico (João 13:29). Mas no exercício dessa atividade, ele é chamado de
“ladrão” no Evangelho de João. O texto bíblico diz que Judas Iscariotes furtava
a arrecadação que ficava guardada na bolsa que ele era o responsável por
guardar (João 12:6).
Durante o ato de profunda adoração de Maria de
Betânia, a irmã de Lázaro, a qual ungiu o Senhor Jesus quebrando um vaso de
alabastro que continha um precioso unguento, Judas fez duras
críticas a tal atitude. Inclusive, ele conseguiu influenciar os demais
discípulos em sua crítica (Mateus 26:6-13; Marcos 14:3-9; João 12:1-8).
Apesar de Judas Iscariotes inicialmente argumentar
que aquele unguento poderia ser vendido e o valor arrecado ser distribuído aos
pobres, na verdade ele não estava preocupado com isto. Na verdade, além de ele
não reconhecer a significativa ação daquela mulher que, inclusive, foi elogiada
por Jesus, Judas Iscariotes ficou frustrado por não ter conseguido enriquecer
seu próprio bolso com a venda do nardo puro (João 12:5,6).
Curiosamente os evangelistas posicionaram, logo
após esse episódio em Betânia, a narrativa sobre quando Judas Iscariotes se
dirigiu aos principais sacerdotes para acertar um acordo com relação
à traição de Jesus (Mateus 26:14-16; Lucas 22:3-6; cf. Marcos 14:10).
Judas Iscariotes Traiu
Jesus
O apóstolo Mateus, escritor
do Primeiro Evangelho, foi quem mais forneceu detalhes acerca do
acordo entre Judas Iscariotes e os principais sacerdotes a fim de trair Jesus
(Mateus 26:14-16).
Judas Iscariotes recebeu como pagamento para trair
seu Mestre a soma de trinta moedas de prata. É interessante saber que esse
valor recebido por Judas com as tinta moedas de prata talvez tenha sido dez
vezes menor do que o valor de avaliação que ele próprio fez do unguento que
Maria de Betânia utilizou para ungir Jesus.
A narrativa bíblica também nos informa que Judas Iscariotes
esperou o momento mais oportuno para poder trair o Senhor (Lucas 22:6). Isto
acabou acontecendo na noite em que Jesus celebrou a Páscoa com
seus discípulos no cenáculo, e institui o sacramento da Ceia do Senhor. Aqui nos recordamos das
conhecidas palavras do apóstolo Paulo: “Na noite em que foi traído” (1
Coríntios 11:23).
Judas estava na mesa juntamente com Jesus e os
outros discípulos. Depois de Jesus ter dado a ele o bocado molhado, a Bíblia
diz que “entrou nele Satanás”, e Jesus lhe disse: “O que fazes, faze-o depressa” (João 13:27).
Saindo dali, Judas Iscariotes pôs em prática o
plano da traição. Já no jardim do Getsêmani,
enquanto o Senhor Jesus orava, Judas Iscariotes consumou seu ato beijando
Jesus, e assim os soldados o prenderam (Marcos 14:43-46). Profecias do Antigo
Testamento apontavam justamente para esse momento (Salmos 41:9; 55:12-14;
Zacarias 11:12).
A Morte de Judas
Iscariotes
A morte de Judas Iscariotes é registrada apenas em
Mateus 27:3-5 e Atos 1:18. Antes de morrer, Judas ainda esboçou um tipo de
arrependimento e remorso patético. Ele procurou os principais dos sacerdotes e
os anciãos a fim de devolver as trinta moedas de prata.
Judas Iscariotes escutou dos sacerdotes que ele era
o responsável pelo que havia feito. Diante disto, ele acabou atirando as moedas
no Templo antes de retirar-se para ir se enforcar (Mateus 27:4,5). Os
sacerdotes não colocaram as moedas no cofre das ofertas, visto que eram pelo
preço de sangue. Porém, eles acabaram comprando o campo de um oleiro, para
servir de sepultura dos estrangeiros. Esse campo foi chamado “Campo de Sangue”,
assim como havia sido profetizado pelo profeta
Jeremias. Na verdade, indiretamente, foi o próprio Judas quem
comprou aquele campo ao devolver as moedas aos sacerdotes e anciãos.
Mateus apenas relata que Judas saiu para se
enforcar. Já o evangelista Lucas, no livro de Atos, fornece alguns detalhes
sobre esse momento de acordo com a descrição dada pelo
apóstolo Pedro. Ele diz que Judas Iscariotes, “precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas suas entranhas se
derramaram” (Atos 1:18). Matias foi escolhido para ocupar o
lugar deixado por Judas Iscariotes.
Pior do que a sua trágica e assombrosa morte, é a
sentença que lemos sobre o seu fim: “[…] Judas se desviou, para ir
para o seu próprio lugar” (Atos 1:25). Esse “lugar” é
claramente indicado nas palavras de Jesus orando ao Pai: “Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles pereceu,
exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura” (João
17:12).
O Caráter de Judas
Iscariotes
Considerando todas as referências bíblicas em que
Judas Iscariotes é mencionado, podemos perceber que ele reunia em si a
hipocrisia, o egoísmo, a soberba, a avareza, a inveja e a cobiça. Seu caráter
duvidoso pode ser muito bem resumido na designação clara e objetiva dada a ele
pelo apóstolo João: “Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas
porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (João
12:6).
João o identificou, em poucas palavras, como sendo
uma pessoa mentirosa, enganadora, gananciosa e capaz de roubar. Além disso,
Judas Iscariotes era uma pessoa dissimulada. Diante do anúncio de Jesus de que
havia entre eles um traidor, Judas Iscariotes foi tão frio a ponto de
dizer: “Porventura sou eu, Rabi?” (Mateus 26:25).
A história de Judas Iscariotes é um retrato vívido
de como o homem, em sua própria natureza, é completamente depravado e perverso,
apto a ser instrumento nas mãos do diabo (João 6:70,71). É impossível separar a
pergunta sobre quem foi Judas Iscariotes das conhecidas palavras de Jesus sobre
ele: “Mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo
traído” (Mateus 26:24).
Abraços e fique na paz do Senhor Jesus Cristo.
Neander Silvestre
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